O Enfermeiro Estomaterapeuta e a Assistência em Estomaterapia: Emoções Representativas de Sofrimento e Prazer

Authors

  • Sonia Maria Dias Enfermeira Estomaterapeuta, Livre docente em Enfermagem. Docente da Faculdade de Enfermagem da Universidade de Juiz de Fora – MG.
  • Isabel Umbelina Ribeiro Cesaretti Enfermeira Estomaterapeuta, Mestre em Enfermagem. Coordenadora do curso de Especialização em estomarterapia da Universidade de Taubaté.

Abstract

ResumoO estudo tem como objetivos: pontuar os fatores que representam emoções relacionadas ao sofrimento e prazer do enfermeiro estomaterapeuta no cotidiano de suas atividades de trabalho; identificar, entre essas emoções, aquela que prevalece e descrever as estratégias defensivas utilizadas para defesa psíquica, elaboradas pelos componentes da amostra. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário, com uma amostra de 42 enfermeiros estomaterapeutas de diferentes estados da União. Os dados foram agrupados em três categorias: características gerais de identificação dos enfermeiros estomaterapeutas, o trabalho em si e as estratégias defensivas e, para fundamentar a discussão, foram utilizados os princípios da psicodinâmica da organização do trabalho. Os achados permitiram evidenciar que os enfermeiros estomaterapeutas sentem mais emoção prazerosa do que de sofrimento no desempenho de suas atividades em Estomaterapia e que as estratégias de defesa foram elaboradas tanto dentro quanto fora do ambiente de trabalho.Palavras Chaves: Enfermeiro estomaterapeuta. Processo de trabalho. Emoções de sofrimento e prazer.AbstractEnterostomal therapist nurse and stoma therapy assistance: the emotions representing suffering and pleasure. This study aims: to emphasize the factors that represent suffering and pleasure emotions related to the enterostomal therapist nurses activities at work day by day; to identify between the emotions punctuated at prior objective, that it prevails; and to describe the defensive strategies elaborated by enterostomal therapist nurses to protect her/him as professional. The data was collected by questionnaire. The sample was 42 enterostomal therapist nurses from different Brazilian states. The psychodynamic principles of work organization based on the data discussion. For presenting and discussion, the data analysis was grouped in three categories: general characteristics of identification of the research participants, the work itself and defensive strategies. The data allowed to evidence that the enterostomal therapist nurses feel more pleasure emotions than suffering ones on their activities performance in stoma therapy, and the defensive strategies were elaborated as inside and outside of the work environment.Key words: Enterostomal therapist nurse. Work process. Suffering and pleasure emotions.ResúmenEl terapeuta enterostomal y la asistencia en Estomaterapia: las emociones representativas del sufrimiento y placer. El presente estudio tiene como objetivos: puntuar los fatores causadores de emociones de sufrimiento y placer del terapeuta enterostomal en su cotidiano de trabajo; identificar entre las emociones puntuadas aquella que prevalece; describir las estrategias defensivas elaboradas por lo proprio terapeuta enterostomal para su protección psiquica. La colecta de datos fue hecha usando el questionario. La muestra fue de 42 especialistas de origen de varios estados brasileños. La análisis de los datos siguio tres categorias: las características de identificación de los terapeutas enterostomales, el trabajo en si y las estrategias defensivas, y, para justificar la discussión, fueron utilizados los principios de la psicodinamica de la organización del trabajo. Los descubrimientos permitem evidenciar que los terapeutas enterostomales sentiam más emociones de placer que de sufrimiento em el desempeño de sus actividades en Estomaterapia, y las estrategias defensivas se elaboraran dentro e fuera de la atmosfera de trabajo.Palabras clave: Terapeuta enterostomal. Processo de trabajo. Emociones de placer y sufrimiento.IntroduçãoO enfermeiro estomaterapeuta desempenha uma diversidade de atividades no exercício da Enfermagem em Estomaterapia, atividades essas relacionadas com funções peculiares do enfermeiro, ou seja, assistência, ensino e pesquisa, todas permeadas pela de gerenciamento. O que se tem observado no discurso desses especialistas é de que não existe forma especial de gerência nesse tipo de trabalho, mesmo porque, a condição organizacional de cada serviço, em função dos aspectos políticos e sociais, difere-se entre si. Além do mais, o processo de trabalho é contingencial, considerando-se que cada pessoa é diferente das demais, em virtude da interação de traços hereditários e culturais, o que constituem as características da personalidade, e funcionam como padrão de referência para as suas ações e emoções.Dessas reflexões nasceu a curiosidade de explorar um pouco da subjetividade do enfermeiro estomaterapeuta, para compreender as suas emoções no dia-a-dia, quando gerencia as suas atividades de assistência, em meio a tantas diversidades externas e internas ao ambiente de trabalho. Sob a ótica da psicodinâmica, Dejours1 afirma que a organização do trabalho é propícia para gerar emoções ora de prazer, ora de sofrimento no trabalhador. Explica que, para controlar o sofrimento, o profissional constrói e emprega estratégias defensivas (individual e/ou coletiva) contra as pressões do trabalho. A aparência de normalidade percebida nos comportamentos pessoais não implica em ausência de sofrimento, e este, também, não exclui o prazer. Portanto, não se pode negar que as condições e relações do trabalho delineiam limites e possibilidades para ações e criam campo propício para gerar emoções de prazer ou de sofrimento.Ao reconhecer que a construção histórica da Estomaterapia como especialidade, no Brasil, é realidade desde 1990, surgindo para dar respostas acadêmicas para processos sociais em curso, considerou-se oportuno conhecer se as emoções do estomaterapeuta relativas ao exercício da especialidade favorecem o clima para o constante desenvolvimento desta. Por isso, o estudo foi desenvolvido com os seguintes objetivos: pontuar os fatores que representam emoções relacionadas ao sofrimento e prazer para o estomaterapeuta no cotidiano de suas atividades de trabalho; identificar, entre as emoções pontuadas, aquelas que prevalecem e descrever as estratégias defensivas utilizadas e elaboradas pelos componentes da amostra para defesa psíquica.Trajetória MetodológicaO estudo identifica-se como exploratório e teve como sujeitos enfermeiros estomaterapeutas brasileiros que estivessem exercendo a especialidade no momento da investigação.Os dados foram coletados pelas autoras através de um questionário enviado, via correio, a 102 estomaterapeutas, residentes em diversos Estados da União. A escolha desse tipo de instrumento foi em razão da distância existente entre cada um dos componentes da amostra e o domicílio das autoras do estudo.A amostra foi representada por 42 (42,9%) estomaterapeutas, que retornaram o questionário preenchido.O instrumento de coleta de dados era constituído de perguntas abertas e fechadas, com a seguinte estrutura: características gerais de identificação dos enfermeiros estomaterapeutas; questões específicas à relação entre os respondentes e suas atividades de trabalho e que assinalam as emoções de sofrimento e prazer; questões relacionadas às estratégias defensivas elaboradas pelos enfermeiros estomaterapeutas para defesa psíquica.Destaca-se que o estudo cumpriu princípios éticos para pesquisa que envolve seres humanos, ao garantir sigilo e privacidade dos dados coletados dos participantes.Resultados e DiscussãoPara a discussão, os dados foram agrupados em três categorias: características gerais de identificação dos enfermeiros estomaterapeutas, para conhecer o perfil dos participantes; o trabalho em si, representado pelas questões específicas à relação entre os respondentes e suas atividades de trabalho e que assinalam as emoções de sofrimento e prazer; as estratégias defensivas.  A – Características gerais de identificação – Referente a tais características, a Tabela 1 dá uma visão geral do perfil de identificação dos estomaterapeutas no que se refere a: sexo, idade, ano de conclusão do curso de graduação, tempo de trabalho como enfermeiro, ano de conclusão do curso de especialização, tempo de trabalho em Estomaterapia, motivo para a busca desse curso, área de atuação e local onde desempenha o exercício da especialidade, de todos os participantes do estudo.Tabela 1- Características de identificação dos respondentes

 

 

Pode-se observar que a maioria dos respondentes tinha a idade compreendida entre 20 e 45 anos. A literatura que aborda desenvolvimento do ciclo de vida aponta que este é o período que corresponde à fase adulta (18 a 35 anos) e à fase de meia-idade (35 a 65 anos), etapas da vida em que a pessoa encontra-se em franca produtividade, com anseios de crescimento, para transformar a realidade da vida pessoal e profissional2. Quanto ao gênero, o quantitativo de profissionais do sexo feminino foi predominante, pois 37 (88%) eram mulheres. É sabido que na enfermagem o número de profissionais do sexo feminino é maior e, também, não poderia ser diferente na especialidade. Verifica-se, ainda, que a totalidade dos respondentes concluiu a formação especializada em Estomaterapia a partir de 1990, época que corresponde ao início de oferta de curso desta especialidade no Brasil3.Outros dados importantes mostrados são referentes aos motivos que mobilizaram os respondentes a procurar a formação especializada em Estomaterapia e a área de atuação de cada especialista. Em ambos os dados, a questão acerca da assistência à pessoa estomizada recebeu maior indicação pelos respondentes. Acredita-se que o contingente dessas pessoas existente no país ainda não está totalmente coberto pela assistência especializada. Para se ter uma visão desse aspecto, ao consultar os arquivos da Associação Brasileira de Estomaterapia: estomias, feridas e incontinências (SOBEST), foi possível levantar que o país conta com mais de duzentos (200) especialistas. Embora não tenham os índices de relação especialista/habitante, a exemplo daqueles preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), entende-se que a demanda de pessoas estomizadas para a assistência especializada tem sido um indicador real, que leva os enfermeiros a buscarem formação especializada. Essa busca tem sido contínua e as evidências são claras no sentido do crescimento do número de enfermeiros que estão se especializando na área em tela. Tanto que, além do curso da Universidade de São Paulo, outros programas de especialização foram implantados no país. Em síntese, tais evidências levam a crer que o total de estomaterapeutas no país, ainda, é insuficiente frente à demanda da clientela estomizada. Isto serve de base para argumentar a favor da necessidade de multiplicação do quantitativo de especialistas no país.De igual importância são as questões acerca dos conhecimentos para prevenção e tratamento de feridas e para os cuidados de pessoas incontinentes, temas esses inseridos na Estomaterapia e que merecem destaque na assistência específica de pessoas acometidas por tais danos à saúde. Além disso, há outros dados no Quadro 1 que mostram mais detalhes do perfil dos respondentes: tempo de conclusão do curso de graduação, tempo de trabalho como enfermeiro e na área de Estomaterapia e local de atuação como especialista.Em prosseguimento, a Tabela 2 espelha a distribuição dos especialistas, tendo por base a função exercida na prática da Estomaterapia.

Verifica-se, na Tabela 2, que todas as funções próprias do enfermeiro, ou seja, assistência, ensino, pesquisa e gerenciamento, eram desempenhadas pelos estomaterapeutas. Durante a apuração dos dados, foi possível constatar que os respondentes que apontaram a função assistencial desenvolviam, também, atividades de ensino. Na função investigativa, com exceção de dissertação e tese, todos tinham produção científica. Esse cenário espelha as diferentes possibilidades de atuação do enfermeiro estomaterapeuta. O estudo de Cesaretti; Guidi4 aborda as questões do trabalho do estomaterapeuta como atividade independente, conjugando-a com referências legais de autonomia profissional.Na realidade, existe uma gama de necessidades em saúde que requer emergência de renovação na maneira de pensar e agir. Nesse contexto, a pesquisa e a educação são pontos de partida para a geração de novos conhecimentos e comportamentos. O estomaterapeuta, através da diversidade de atividades no campo de suas funções, pode propiciar a reconstrução da qualidade da assistência para o exercício efetivo dos direitos sociais. Essa meta, dita em outras palavras por Faller5, refere-se ao compromisso do profissional, que é o de orientar os objetivos sociais de seu trabalho de acordo com as necessidades dos usuários dos serviços de saúde.B – O trabalho em si – Conforme dito anteriormente, para se ter as representações de sofrimento e prazer no trabalho do estomaterapeuta, procurou-se destacar os fatores geradores desses sentimentos com base nos fundamentos de Dejours1,6. Tais fatores foram relacionados de duas formas no instrumento de coleta de dados: a primeira retratava questões negativas, indicando o caráter desfavorável da situação do trabalho; a segunda, composta de questões positivas, denotava aspectos do ambiente de trabalho esperados pelo profissional. A exposição dessas questões, de tal forma, foi elaborada para que o estomaterapeuta pudesse pontuar os fatores de sofrimento e prazer no desenvolvimento do trabalho, conforme a vivência no dia-a-dia. Também foi reservado um espaço para o respondente incluir, se assim o desejasse, outros fatores de sofrimento e prazer, julgados importantes, que estivessem vivenciando naquele momento da pesquisa. As tabelas 3 e 4 ilustram as respostas descritas.No item “outros”, não inserido na Tabela 3, os respondentes pontuaram as seguintes situações de trabalho que propiciavam sofrimento: “responsabilidade por outras atividades de trabalho, além daquelas próprias da Estomaterapia, o que interfere na implementação e avaliação do serviço, implicando em prejuízos ao usuário”; “escassa divulgação da especialidade para obter o reconhecimento merecido dos benefícios de uma assistência especializada”; “falta de compromisso de colegas de trabalho, não estomaterapeutas, com a continuidade da assistência”; “falha na comunicação entre componentes da equipe de trabalho para a recepção e transmissão de informações”.Para o item “outros”, também não inserido na Tabela 4, os respondentes acrescentaram as seguintes situações de trabalho que proporcionavam prazer: “contribuição para o bem-estar do paciente/cliente e sua família, através da assistência prestada”; “interação com a equipe interdisciplinar”; “possibilidade de crescimento profissional”.

Ao confrontar os dados das Tabelas 3 e 4, pode-se inferir que a autonomia profissional para o exercício da especialidade estava presente, para a maioria dos respondentes (88,1%), como um dos fatores que proporcionavam prazer no trabalho. Já a inexistência ou deficiência de recursos necessários para o efetivo exercício da especialidade, em comparação com a existência desses recursos, recebeu maior número de respostas. Destaca-se que 23 (54,7%) enfermeiros estomaterapeutas trabalhavam em condições precárias de tais recursos. Cabe, neste momento, formular uma questão: para que serve a autonomia profissional se não há condição de o trabalho ser realizado? Isso, certamente, merece exploração mais detalhada para apurar a veracidade dos fatos.Outros dados de importância, que evidenciam sofrimento ou prazer, são os relacionamentos estabelecidos com a chefia imediata, com a administração geral do trabalho e, ainda, o reconhecimento profissional pelo bom trabalho realizado. No estudo em questão, a maioria dos respondentes, 90,5%, 54,8% e 80,9%, respectivamente, apontaram estes fatores como causadores de prazer. Ao contrário, a condição salarial e/ou honorários percebidos recebeu a indicação de que era um fator que trazia sofrimento, com a indicação de mais da metade dos respondentes.Embora a condição anterior tenha recebido maior indicação de sofrimento do que de prazer, é conhecido que os trabalhadores, geralmente, esperam de seu trabalho algo mais além do salário. Crawford7 descreve que as expectativas de trabalhadores quanto à organização empresarial têm a seguinte direção: “desejam expressar suas idéias e valores, ser diferentes na sociedade e combinar, de forma harmoniosa, o trabalho com outras prioridades, como família, saúde e espiritualidade”. Essas expectativas equivalem a dizer o lado positivo que tem o trabalho.Ainda, confrontando os dados das Tabelas 3 e 4, evidencia-se que os fatores 1, 3, 4 e 5, que correspondem à autonomia profissional, ao relacionamento com a chefia imediata, à solução efetiva para a assistência a ser concretizada e ao reconhecimento profissional, respectivamente, receberam maior representação de prazer do que de sofrimento. Outros dois fatores, os de número 2 e 6, ou seja, o fator dos recursos necessários à realização do trabalho e aquele referente ao salário e/ou honorários percebidos, ficaram representados como sofrimento.Desse resultado, de quatro fatores a dois em favor do sentimento de prazer, pode-se deduzir que as situações prazerosas sobrepõem às de sofrimento. Assim sendo, poucas situações no trabalho representaram sofrimento para os enfermeiros estomaterapeutas. Vale ressaltar que é com o trabalho que o homem consegue criar e transformar a natureza onde, também, pode se realizar. Dejours6 lembra que convém sublinhar que a organização do trabalho nem sempre leva apenas ao sofrimento, o trabalho pode ser fonte de prazer e, mesmo, mediador da saúde.

Os sentimentos de prazer e sofrimento, também, apareceram destacados pelos enfermeiros estomaterapeutas no item “outros”. Entre os dados, esses sentimentos estavam, inclusive, representados no cuidar bem ou não do usuário. A manifestação desses sentimentos, resultantes do cuidado, parecia estar na dependência das condições de trabalho. Para ilustrar, a impossibilidade do especialista dedicar-se exclusivamente ao exercício da especialidade, durante a sua jornada de trabalho, trazia algum prejuízo na assistência prestada. Tal situação foi apontada como geradora de sofrimento. Por outro lado, quando o estomaterapeuta presenciava o bem-estar do usuário e sua família, pelos cuidados prestados, ou seja, a dedicação necessária para realizar o trabalho foi alcançada, esse momento era tido como prazeroso. Portanto, a possibilidade de realizar ou não um trabalho de qualidade, a saber, ao encontro das necessidades da clientela, estava intimamente ligada às emoções relacionadas ao prazer e sofrimento.Por último, destaca-se que no instrumento de coleta de dados elaborou-se uma questão para saber se o enfermeiro estomaterapeuta dedicava sua jornada de trabalho exclusivamente às atividades de Estomaterapia. Destes, apenas 6 (14,2%) responderam “sim”.  C – Estratégias defensivas – Segundo Dejours8, as estratégias defensivas funcionam como processo de regulação de conflitos, e podem ser individuais e coletivas. No estudo em questão, apenas as estratégias individuais foram representadas pelos respondentes e classificadas de dois modos: a primeira classificação foi composta de estratégias defensivas ligadas ao próprio trabalho e, a segunda, de resoluções tomadas pelos respondentes fora do ambiente de trabalho. As respostas atribuídas pelos enfermeiros estomaterapeutas foram diversas. Alguns dos especialistas deram mais de uma opção e observou-se que a mesma opção de estratégia defensiva foi pontuada, também, mais de uma vez entre os respondentes.As resoluções ligadas ao trabalho em si são: organização de cursos na área; discussão dos problemas da especialidade com a diretoria da instituição hospitalar; estabelecimento de diálogo com a equipe médica, para que o especialista conquiste o seu espaço na atuação profissional, e incentivo aos colegas de trabalho, para se tornarem agentes multiplicadores da especialidade. Aquelas tomadas fora do ambiente de trabalho foram as seguintes: prática de esportes; ouvir música; dançar; viajar; ir ao cinema; ir à praia; conhecer literatura de informação geral; encontrar-se com amigos em bares; fazer orações; tocar violão e piano e passear com os filhos.Lisboa9, ao explicitar o trabalho de enfermeiros relacionado com sofrimento e prazer, sinaliza a importância desse profissional desenvolver estratégias defensivas para não adoecer, visto que vai envelhecer no seu trabalho, mesmo sem ter conhecimento desse processo de envelhecimento. Recomenda-se para o trabalhador, no papel de desenvolver estratégias defensivas, buscar outros interesses, não centralizados somente no trabalho, que lhe permitam um convívio social saudável, isto é, prazer em viver.Para finalizar, no instrumento de coleta de dados restou um questionamento. Os respondentes deveriam indicar se estavam gostando de exercer a especialidade. E foi com prazer que se detectou que a resposta “sim” foi unânime. Isto significa que o exercício da especialidade para o grupo de respondentes, apesar das emoções ligadas ao sofrimento, estava sendo prazeroso. Apurou-se, também, que todos os respondentes estavam atuando no campo da Estomaterapia por vontade própria.Considerações FinaisÉ evidente que o estudo não pretendeu esgotar a temática abordada. Ao contrário, pensou-se que este venha suscitar outras adesões, para tornarem-se mais elucidadas as questões centradas no profissional. Acredita-se que os estudos voltados para aquilo que sentem e pensam os enfermeiros estomaterapeutas são referenciais que servem para refletir sobre o problema da assistência e do ensino em Estomaterapia. Dessa forma, o conjunto de dados, aqui apresentados, oferece a oportunidade de tecer algumas considerações:• enfermeiro estomaterapeuta orienta o gerenciamento de seu trabalho, tendo por base as funções específicas do enfermeiro, o que caracteriza a pluralidade de atividades de abrangência da Estomaterapia;• ficou evidente que, no desenvolvimento do trabalho, o enfermeiro estomaterapeuta sentia mais emoções de prazer do que de sofrimento. Isso justifica a sua permanência no exercício da especialidade e a motivação pela luta por condições e ambientes melhores de trabalho. Se existissem somente emoções de sofrimento, o enfermeiro estomaterapeuta teria desistido de exercer a especialidade, considerando que, por vontade própria, todos estavam no campo;• quanto às estratégias elaboradas e empregadas pelos respondentes, a bibliografia consultada mostra que estas são de fundamental importância para a vitalidade do trabalhador. No estudo em questão, tais estratégias ocorriam dentro e fora do local de trabalho, e nisso havia certa dose de prazer;• das análises até então apresentadas, resultou uma valiosa contribuição, ou seja, a compreensão de que é dentro de inúmeras diversidades que o trabalho do enfermeiro estomaterapeuta está sendo desenvolvido. O fato de estas terem se apresentado favoráveis ou desfavoráveis à produtividade só constituiu mecanismo para alimentar a paixão motivadora para sustentar a permanência da especialidade. Acredita-se que a mola propulsora desse processo está nas exigências da população usuária por serviços especializados e eficientes, como também nos enfermeiros que, a cada momento, estão buscando crescimento profissional.

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Published

2016-03-23

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1.
Dias SM, Cesaretti IUR. O Enfermeiro Estomaterapeuta e a Assistência em Estomaterapia: Emoções Representativas de Sofrimento e Prazer. ESTIMA [Internet]. 2016 Mar. 23 [cited 2024 Dec. 22];3(2). Available from: https://www.revistaestima.com.br/estima/article/view/10

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