Feridas
Abstract
Limpeza de feridas que cicatrizam por segunda intenção: A prática dos Profissionais da Enfermagem
ResumoA limpeza de feridas constitui um dos principais procedimentos para otimizar a cicatrização. Este estudo teve como objetivo averiguar como profissionais da enfermagem agem ao realizar a limpeza de feridas que cicatrizam por segunda intenção. O estudo foi realizado em um hospital de caráter público no interior do Rio de Janeiro e envolveu 25 sujeitos que concordaram em responder a um formulário. Os resultados mostraram que 15 (60%) dos profissionais não protegem o curativo ao encaminhar os pacientes para o banho; predominou o uso de gaze e luvas estéreis para realizar a limpeza; houve confusão quanto à área da ferida a ser limpa primeiramente; somente 1 (4%) profissional aquece a solução fisiológica embora todos a utilizem; 20 (80%) secam o leito da ferida. Conclui-se que a amostra estudada desconhece os princípios da limpeza de feridas, necessitando de treinamento e atualização nesta área.Palavras Chaves: limpeza de feridas, cicatrização, prática profissionalAbstractThe wound cleansing constitutes one of the main procedures to optimize the wound healing. This study aimed ascertains how professionals of the nursing act when accomplishing the cleansing of wounds that cicatrize by second intention. The study was performed in a hospital of public character countryside Rio de Janeiro and involved 25 subjects who agreed to answer a form. The results showed that 15(60%) of the professionals don’t protect the dressing when sending the patients for the bath; it predominated the use gauze and sterile gloves to accomplish the cleansing; there was confusion regarding area of the wound to clean being firstly; only 01 (04%) professional heats the physiologic solution although everybody uses it; 20 (80%) dry the bed of the wound. It was concluded that the studied sample ignores the principles of the wound cleansing, needing training and update in this area.Key words: wound cleansing, wound healing, professional practiceResumenEl procedimiento de limpieza de las heridas constituye un de los pricipales para optimizar la curación. Este estudio hubo como objetivo averiguar como profesional de la enfermería actuán al realizar la limpieza de heridas que cicatrizam por segunda intención. El estudio se realizó en un hospital de caráter público en el interior de Rio de Janeiro y envolvió 25 sujetos que concordaron en responder un formulario. Los resultados mostraron que 15(60%) de los profisionales no protegen el penso al encaminar los pacientes para el baño; predominó el uso de gasa y guantes estériles para realizar la limpieza; hubo confusión cuanto al área de la herida a ser limpia primeramente; solamente 01 (04%) del profesional tibia la solución fisiológica aunque todos la utilicen; 20 (80%) secan el lecho de la herida. Se concluye que la muestra estudiada desconece los principios de la limpieza de heridas, necesitando de entrenamiento y actualización en esta área.Palabras Clave: limpieza de heridas, cicatrización, práctica profesionalIntrodução
Para que o processo de cicatrização ocorra de forma adequada e ordenada, é necessário que todos os agentes inflamatórios sejam removidos do leito da ferida1. Assim sendo, a limpeza é considerada essencial nesse processo.Pela análise histórica com relação ao cuidado com feridas e especificamente com a limpeza das mesmas, foi verificado que uma variedade de produtos tem sido utilizada. Substâncias como água de mar, vinagre, urina, hipoclorito de sódio e soluções anti-sépticas foram utilizadas e muito provavelmente algumas delas ainda hoje são utilizadas1, 2. Nos dias atuais, no entanto, a solução salina e a água de torneira são indicadas como os agentes mais utilizados na limpeza de feridas crônicas3.A limpeza da ferida tem sido descrita como um método que utiliza fluidos (soluções) para, suavemente, lavar e remover bactérias, detritos, exsudatos, corpos estranhos, resíduos de agentes tópicos e outras substâncias do leito da ferida3.A cicatrização é otimizada e a diminuição do potencial para infecção acontece quando há remoção de todo tecido necrótico, exsudato e restos metabólicos da lesão. O processo de limpeza envolve escolha criteriosa tanto da solução como do método para realizá-la, não deixando de considerar os benefícios e traumas que esse procedimento pode causar à ferida4.Embora seja consenso que a limpeza de feridas é necessária para que haja boa evolução da cicatrização, Martins5 refere que pouca atenção tem sido dada a esse procedimento no Brasil. Descreve que os pesquisadores, no intuito de salientar a finalidade e eficácia da aplicação de novos produtos no tratamento da feridas, limitam-se a especificar as peculiaridades dos materiais como preparo, manuseio, acondicionamento, aplicação e resultados obtidos em relação ao processo cicatricial. Quanto à limpeza, no entanto, comentam apenas que deve ser feita com solução fisiológica.Por meio de observações não sistematizadas em campos de estágio, nota-se que a limpeza de feridas crônicas e agudas que cicatrizam por segunda intenção é executada de forma ritualística, em vez de práticas fundamentadas em evidências. De acordo com Ferreira; Santos6, como em qualquer outra área do cuidado de enfermagem, é essencial refletirmos e questionarmos “O que estamos fazendo, por que estamos fazendo?” e “Que resultados podem ser alcançados com nossas ações?”.Assim sendo, esta investigação teve como objetivo conhecer a prática de auxiliares e técnicos de enfermagem, quanto à forma como realizam a limpeza de feridas agudas e crônicas que cicatrizam por segunda intenção.Downloads
References
Leaper D. Antiseptics and their effect on healing tissue. Nursing Times 1986; 82(22): 45-7.
Gelbart M. Time’s great healers. Nursing Times 1998; 94(34):66-9.
Rodeheaver GT. Wound cleansing, wound irrigation, wound desinfection. In: Krasner DL, Rodeheaver GT, Sibbald RG (eds). Chronic Wound Care: a Clinical Source Book for Healthcare Professionals. 3ed. Wayne, PA: HMP Communications, 2001: 369- 83.
Bergstrom N. et al. Treatment of Pressure Ulcers. Clinical Pratice Guideline Number 15. Rockville, MD: U.S. Department of health and humans services. Public Health Service, Agency for Health Care Policy and Research. AHCPR Publication, December 1994, p. 1-65.
Martins PA. E. Avaliação de três técnicas de limpeza do sítio cirúrgico infectado utilizando soro fisiológico para remoção de microrganismos. São Paulo, 2000. Dissertação (Mestrado) Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo.
Ferreira AM, Santos I. Técnica de curativo: momento de repensar esta prática? Rev. Enferm. Atual. Rio de Janeiro No prelo, 2003.
Dow G, Browne A, Sibbald RG. Infection in chronic wounds: controversies in diagnosis and treatment. Ostomy/Wound Management 1999; 45(8): 23-40.
Trevelyan J. Wound cleansing principles and practice. NursingTimes 1996; .92(16): 46-8. Referências Bibliográficas
Borges EL. Técnica limpa versus técnica estéril no manuseio de feridas. Revista da Escola de Enfermagem da USP 1999; 33(n. especial): 133-39.
Thomlinson D. ‘To clean or not to clean wounds?’ Nursing Times 1987; 83(9):71-5.
Bree-Williams F, Waterman H. An examination of nurses practice when performing aseptic technique for wound dressing. Journal of Advanced Nursing1996; 23:48-54.
Russel L. Healing alternatives. Nursing Times 1993; 89(42): 82-6.
Yamada BFA. O processo de limpeza de feridas. In: Jorge AS, Dantas SRPE. Abordagem multiprofissional do tratamento de feridas. São Paulo: Atheneu, 2003. Cap.6, p.45-67.
Alexandre NMC, Guirardello EB. Procedimentos básicos de enfermagem. São Paulo, Atheneu, 1995. Cap.7, p.57-64.
Kawamoto EE. Curativo. In: Kawamoto EE, Fortes JI. Fundamentos de enfermagem. 2.ed. São Paulo: EPU, 1997. Cap. 17, p.231-5.
Glide S. Cleansing choices. Nursing Times 1992; 88(19): 74-8.
Levine NS et al. The quantitative swab culture and smear: a quick, simple method for determining the number of viable aerobic bacteria on open wound. The Journal of Trauma 1976; 16(2): 89-94.
Dealey C. Cuidando de feridas: um guia para enfermeiras. Atheneu: São Paulo, 1996.
Winter GD. Formation of the scab and the rate of epithelization of superficial wounds in the skin of the young domestic pig. Nature 1962; 193(4812): 293-94.
Declair V, Pinheiro S. Novas considerações no tratamento de feridas. Rev. Paul. Enf 1998; 17(1/3): 25-38.