Entrevista
Abstract
Reabilitação do Ostomizado: Vencendo Dificuldades e Rompendo Barreiras
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a prevalência de ostomizados no planeta pode chegar a 0,1% da população. A principio, pode parecer pouco, mas somente no Brasil, 100 mil pessoas já realizaram uma ostomia.De acordo com a Associação Brasileira dos ostomizados (ABRASO), apenas 35 mil pessoas recebem atendimento através de programas Estaduais e Municipais. O numero de atendimentos particulares não chega a 8 mi, e a maioria, 57 mil ostomizados, não está incluída em nenhum desses sistemas de atendimento, ou seja, não tem acesso equipamentos indispensáveis à sua reabilitação como, por exemplo, a uma bolsa coletora.É difícil conviver com essa realidade em pleno século XXI, quando novas perspectivas de diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças estão sendo tão propaladas. Assim sendo, não podemos aceitar que a assistência ao paciente esteja resumida à cura da doença ou à prorrogação da morte. A qualidade de vida desses pacientes é urgente objetivo a se alcançado.Segundo relatório da ABRASO, divulgado no final do ano passado, existem ainda vários obstáculos a serem enfrentados para proporcionar ao ostomizado uma vida melhor. Sem dúvida o maior deles é a falta de informação tanto por parte dos próprios ostomizados, seus familiares e cuidadores, quando ás politicas de saúde e direitos dos ostomizados.Cada ostomizado é um ser único, com características diversas, que necessita de atenção e cuidados especiais. As mulheres, por exemplo, ficam temerosas com o que poderá acorrer ao seu aparelho reprodutor. Os homens, com a possibilidade de se tornarem impotentes e as crianças temem a rejeição dos amigos na escola, entre tanto outras mais, que poderiam ser enumeradas.A família também passa pelo processo de “estar ostomizada” em um primeiro momento. Abalada com o novo “modus vivendi” de seu ente querido, necessita de apoio emocional e técnico para auxiliar no cuidado. A atuação da enfermagem especializada é primordial para o sucesso do processo de reabilitação e consequentemente para a melhora de vida do ostomizado e de sua família.A Revista Estima conversou com três “forças vivas” na luta pelo acolhimento ao portador de estoma – Sra. Regina, Sr. Oliveira e Sra. Cândida que foram unânimes ao afirmarem, que, embora a adaptação à nova vida seja difícil, a partir do momento que o portador supera esta etapa inicial, ele é totalmente capaz de levar uma vida normal, útil e integrado a sociedade.
Regina Maria de Araújo Cândido
"Sinto-me privilegiada, pois fui acompanhada por excelentes profissionais, sobretudo seres humanos solídários e afetuosos".
"A ostomia me devolveu a minha vida e a oportunidade de continuar ao loda de minha família e de meus amigos".
Em Julho de 1999, Regina Maria de Araújo Cândido, aos 41 anos viu sua vida ser alterada brusca e repentinamente. O que ela imaginava ser hemorroida foi diagnosticado como câncer de reto. Mesmo sabendo que o tratamento do câncer seria difícil, seu maior medo foi a ostomia. “Eu não queria ser amputada”. O período pré-operatório, quando realizou quimioterapia e radioterapia, foi fundamental para sedimentar e aceitar a ostomia, sem revolta. O grande passo foi pedir ao médico proctologista que a deixasse falar com algum paciente ostomizado. “Essa conversa foi muito benéfica, pois me passou a tranquilidade e confiança de que era possível viver bem sendo ostomizado”. Sete meses após a cirurgia, Regina Iniciou o processo de irrigação. Mais um passo importante e decisivo para sua reabilitação. “O meu receio em adotar esse método acabou diante da orientação segura dada pela enfermeira estomaterapeuta”. Hoje, aposentada, Regina leva uma vida normal e participa de um grupo pequeno de ostomizados na cidade de Atibaia, interior de São Paulo, onde reside. Este grupo foi desenvolvido pela Secretaria Municipal de Saúde e disponibiliza psicólogo e assistente social para as reuniões mensais. “Tudo que foi feito deu certo, não há o que mudar”. “Deus nos permitiu optar pela cirurgia ou voltar para a casa do Pai. Claro que continuar vivo é nosso maior desejo, principalmente sem as dores que tanto judiavam nosso corpo e nossa mente”.
José de Arimathéia Oliveira
"Tudo que foi feito deu certo, não há o que mudar".
"Deus nos permitiu optar pela cirurgia ou voltar para a casa do Pai. Claro que continuar vivo é nosso maior desejo, principalmente sem as dores que tanto judiavam nosso corpo e nossa mente".
Cândida Carvalheira
"Valeu a pena sobreviver à ostomia".
"Quero sobreviver com a ostomia sendo a diferença sem exclusão".
"A sociedade ainda não trata igual os desiguais".