Ostomias

Authors

  • Tânia das Graças de Soma Lima Enfermeira Estomaterapeuta do Hospital Universtário Clementino Fraga Filho-UFRJ. Doutorada do Serviço de Coloproctologia da Faculdade de Medicina-UFRJ.
  • Domingos Lacombe Medico Coloproctologista. Chefe do Serviço do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho-UFRJ.

Abstract

Uso do Método de Irrigação e Sistema Oclusor pelo Colostomizado: Avaliação após Três Anos de Seguimento

ResumoA incapacidade de controle da evacuação de fezes, gases, ruídos e odores, advinda da confecção de uma colostomia, comportam inúmeras dificuldades relacionadas à mudança da imagem corporal, ao estilo de vida, à diminuição da auto-estima, ao comprometimento da vida sexual e social dentre outras. Neste sentido, várias técnicas têm sido desenvolvidas no intuito de restabelecer a continência perdida, sendo o método de irrigarão e o sistema oclusor considerados importantes avanços na busca da reabilitação desta clientela. Este trabalho tira evidenciar manutenção das técnicas de irrigação e o uso do sistema oclusor, após seguimento de três anos, a pacientes colostomizados, cadastrados no Instituto Municipal de Medicina Física e Reabilitação Oscar Clark. Estes foram contatados primeiramente por telefone e posteriormente responderamum questionário que abordava as dificuldades vividas e os resultados obtidos. Estes indicaram que, dos 25 padelf2s estudados naquele momento (2001), 1 não foi possível contato, 4 faleceram, 7 não realizam nenhum dos métodos por terem apresentado episódios de diarréia vazamentos nos intervalos da irrigação , 5 o fazem de forma irregular e 8, isto é, 34% da amostra, ainda utilizam e referem benefícios sociais e psicológicos com a utilização dos métodos propostos. Foi possível, então, concluir que, as vantagens citadas pelos pacientes que ainda realizam os métodos são inúmeras, porém, aqueles que abandonaram ou que de maneira irregular, apontaram para a maiores critérios na indicação da referida metodologia, maior tempo de treinamento, maior vontade e credibilidade por dos pacientes e, ainda, um seguimento uta de menor periodicidade.Palavras Chaves: Colostomia. Enfermagem.AbstractThe use of the irrigation method and oclusor system for the colostomized: evaluation after three years of following up. The incapaci, of controlling the feaces evacution noises and odours from the colostomy formation has several difficulties due to the body image change, the style of life, the self-esteem decrease and the social relationship problems, because of it several techniques have ben persued, auming to restore the lost continence. The irrigation method and the oclusor system have been considered the most import advances in the search of the rehabilitation of these clients. This study searchs to find evidences as to irrigation maintanance techniques and the ocluso- system use, after the period of three years, with the colostomy patients registered ia the Oscar Clark Rehabilitation and Physics Medicine Municipal Institute. They were firstly contacted through phone and lately, they answered a questionnaire about the difficulties they hadpassed through and the results they had These results indicated that from the 25 patients studied at that time (2001), 1 has not been contacted, 4 died, 7 didn't make use of the methods introduced because they had cliarrhoea episodes and had presented leaking during the irrigation breaks, 5 are still makig use of them irregularly and 8, 34% of the sample, use them and give good references about psicologic and social benefits with the utilkation of the referred methods. We could then conclude that the advantages mentioned b_y the patients that are still under these methods are numberless, altI2ough those ones that bane quit them or use them irregularly pointed out to a necessipi of greater cri teria to indicate the referred methodology, a longer time of training, a stronger wish and credibiliOr of the patients and also a closer attendance by the ostomy nurse, ia a shorter period of time.Key Words: Colostomy. Nursing.ResúmenEl uso del método de irrigación y el sistema de oclusión pelo colostomizado: evaluación después seguimiento de tres atlas. La incapacidad de control de la evacuación de material fecal, gases, ruidos y olores resultante de la ejecución de una colostomía, encierra diversas dificultades relativas al cambio de la imagen corporal, al estilo de vida, a la disminución de la autoestima, al comprometimiento de la vida sexual), social. Eu este sentido, varias técnicas han sido perseguidas coa la intención de restablecer la cominería perdida, siendo e/ método de irrigación e/ sistema de oclusión considerados importantes progresos en la busca de la rehal2i litación de esta clientela. Este trabajo busca evidenciar cuanto a la manutención de las técnicas de irrigación y el uso del sistema de oclusión, después seguimiento de tres años, a pacientes colostomizados registrados en el Instituto Municipal de Medicina Física y Rehabilitación Oscar Clark. Estos pacientes fueron contactados primeramente por teléfono y enseguida respondieron a una encuesta donde abordamos las dificultad vividas en los resultados obtenidos. Estos reveló que de los 25 pacientes estudiados en aquel momento (2001), 1 no conseguimos contacto, 4 murieron, 7 no realizaron ninguno de los métodos porque presentaron episodios de diarrea y vaciamientos durante los intervalos de la irrigación , 5 lo hacen de manera irregular) 8, o sea 34 % de la muestra todavía utilizan y mencionan beneficios sociales y sicológicos con la utilización de los métodos propuestos. Podemos entolares concluir que iras ventajas mencionadas por los pacientes que aún realizan los métodos sea diversas, pero aquellos pacientes que abandonaron o que lotearan de manera irregular apuntan la necesidad de más criterios y la indicación de esta metodología, más tiempo de entrenamiento, más gana y credibilidad por parte de los pacientes, incluso un seguimiento por la Estomaterapeuta de menor periodicidad.Palabras Clave: Colostomía. Enfermería.IntroduçãoAs doenças do trato gastrointestinal levam, diversas vezes, à realização de uma cirurgia radical, resultando em urna colostomia temporária ou definitiva.A referida condição traz à tona inúmeras mudanças relacionadas ao estilo de vida sexual e social, às atividades laborativas, à imagem corporal e à auto-estima, podendo ainda implicar em sofrimento, dor, medo e insegurança, sobretudo pela perda da continência e, assim, a saída de fezes, gases, odores e ruídos de forma descontrolada, tornando-o dependente do uso contínuo da bolsa coletora aderida ao abdome.Mesmo quando o paciente colostomizado refere adaptação ao "seu novo equipamento", este é continuamente desafiado pela possibilidade de ocorrência de complicações relacionadas ao estoma e pele periestomal, fazendo com que, muitas vezes, a presença da ostomia assuma um significado maior que a própria doença que a motivou.Segundo Lima', a incapacidade de controle da evacuação de fezes, gases, ruídos e odores desagradáveis que acompanham uma ostomia de eliminação, comportam, para a pessoa ostomizada, inúmeras dificuldades para o seu convívio e reabilitação. Nesse sentido, todas as ostomias têm fatores agravantes, podendo interferir na vida pessoal e profissional, tornando-se ainda mais complicado pelas dificuldades em conviver com ela. Ver, tocar, manusear, limpar e enfim, aprender a continuar caminhando, agora de maneira diferente.Corroboram esses comentários as afirmações de Santos', ao referir-se às alterações da auto-estima e da imagem corporal do ostomizado, que levam a um conjunto de problemas psicológicos e sociais e, ainda, os relatos de Goliguer3, ao apontar como motivo de preocupação dos clientes colostomizados, a saída involuntária de gases, podendo causar embaraços pelo barulho provocado e o mau-cheiro exalado.Tem sido preocupação constante dos profissionais de saúde o impacto causado pelas operações que resultam em estomas intestinais e suas conseqüências. Dentro do enfoque de reabilitação e qualidade de vida, onde, qualidade de vida é a soma de fatores decorrentes da integração entre sociedade e ambiente, e reabilitação, a maneira bem sucedida do cliente colostomizado adaptar-se às modificações decorrentes da confecção da colostomia, vários estudiosos têm pesquisado métodos para tornar os estomas continentes, eliminar ou reduzir a necessidade de, ou, ainda, buscar recursos para minimizar as informações advindas desses procedimentos.Desse modo, dentre os métodos que objetivam - das exonerações intestinais em ostomizados, estão cirúrgicos, tais como: a ileostomia continente de Koch, a implantação de esfíncteres artificiais e anéis de silicone e as cirurgias que retardam o trânsito todos acompanhados de complicações e nados.Dentre os métodos não cirúrgicos ou não encontramos o método natural, o condicionamento psicofísico, a irrigação e o sistema oclusor. Os métodos natural e psicofísico, pela necessidade de outros estudos comprobatórios acerca de sua eficácia e pelos aspectos negativos apontados, também não são utilizados.Nesse sentido, a irrigação da colostomia e o uso do sistema oclusor são os únicos métodos disponíveis, de custos relativamente baixos, isentos de complicações e que proporcionam as vantagens do controle voluntário da defecação, como a eliminação de fezes, livre de odor ou vazamento, a abolição da necessidade do uso de equipamentos coletores e, assim, a diminuição de ocorrência de desconforto e dermatites causados pelo seu uso contínuo.Manipular e cuidar da colostomia com uma - de maior e de forma planejada, através dos propostos, torna possível a idéia normalidade e, muitas vezes, até o esquecimento da sua nova condição.Diante do exposto, este estudo tem como objetivo evidenciar a manutenção das técnicas de irrigação do sistema oclusor, após seguimento de três anos.MétodoEste estudo prospectivo e de análise com uma população de pessoas colostomizadas, cadastradas no Instituto Municipal de Medicina Oscar Clark. Os dados foram coletados em janeiro de 2004, após contato prévio por telefone, enviado pelo correio, que continha duas partes: a primeira, relacionada às variáveis sócio-demográficas, e a segunda, referente à manutenção das técnicas de irrigação e o uso do sistema oclusor, verificando as dificuldades vividas e os resultados obtidos.Resultados e DiscussãoCaracterização da populaçãoOs resultados são apresentados em números absolutos e relativos.A população do presente estudo foi constituída de 25 pacientes, que fizeram parte do nosso estudo prévio, Dissertação de Mestrado, realizado em 2001 no mesmo local. Do total de pacientes estudados, 1 não foi obtido contato e 4 faleceram, sendo então a amostra composta de 20 pacientes.Tabela 1 — Distribuição da amostra estudada em relação à faixa etária. Rio de Janeiro, 2004.

  A idade média foi 47,2 anos e variou entre 21 e 62 anos. Constatou-se que, a maior parte dos pacientes (45%) situa-se entre 43 e 53 anos, sendo esta faixa etária considerada economicamente produtiva e de pleno desenvolvimento profissional.Suwanna4 observou média de 52,8 anos, em estudo realizado com 10 pacientes sobre irrigação da colostomia na Tailândia.Quanto ao sexo, a distribuição foi maior para mulheres, com 60% dos casos.Em relação ao estado civil, a maioria é de pessoas casadas, perfazendo um total de 65% de casados, 20% de separados e 15% de solteiros.Quanto ao tipo de estoma, três pacientes eram portadores de colostomia de dupla-boca e 17 (85%) tinham estorna terminal.Constatou-se em 18 pacientes (90%) o câncer colorretal como diagnóstico principal. Os demais tinham como diagnóstica má-formação congênita e eram portadores de colostomia de dupla-boca.Com relação à utilização de obturador em estornas de dupla-boca, Liaño, em experiência com 30 pacientes colostomizados, indicou a um desses pacientes, e observou boa adaptação e tolerância. Com relação à manutenção dos métodos propostos, observou-se que, sete pacientes não realizam nenhum dos métodos por terem apresentado episódios de diarréia e vazamentos nos intervalos da irrigação e, por isso, sentiram-se inseguros, 5 o fazem de forma irregular, apenas nos finais de semana ou quando têm algum compromisso e 8, isto é, 34% da amostra, ainda utilizam e referem benefícios sociais e psicológicos com a utilização dos métodos implantados.Em relação ao intervalo de tempo, os pacientes que realizam regularmente a irrigação, o fazem com uma periodicidade de 48 horas. Corroborando com nossos resultados, encontramos estudo feito por Cerdan et al' , em Madrid, na Espanha, com 20 colostomizados, que utilizaram, assim como neste estudo, oclusores de uma peça associado à irrigação, e destes, 45% realizaram o método a cada 48 horas, permanecendo com o oclusor nos intervalos e obtendo efeitos bastante satisfatórios.Clague e Sloan7, em estudo com 100 pacientes colostomizados, dos quais, 46 completaram as quatro semanas programadas, avaliaram como principal motivo de abandono o vazamento fecal ocorrido no início. No entanto, destacaram como vantagens os sentimentos de segurança, liberdade e confiança para a realização de diferentes atividades, similarmente a este estudo.Sob essa perspectiva, Riatti8 realizou estudo com 100 pacientes em Lombardia, na Itália, sobre o impacto da irrigação em suas vidas. Os resultados mostraram que, 87% da amostra foi favorável ao método porque ele restituiu sua dignidade e facilitou suas vidas e 35% dos pacientes observaram melhora em suas relações íntimas.Analisando as respostas quanto à manutenção de realização dos métodos, verificou-se que, dos homens estudados, apenas um continua irrigando a colostomia de forma regular, enquanto que, das mulheres, sete sentem-se mais seguras e ainda mantêm a realização dos métodos. Quanto à periodicidade, todos os que realizam a irrigação regularmente fazem-no a cada 48 horas e não referem perdas nos intervalos.Em relação ao uso do oclusor, apenas 10% ainda utilizam esse método. A justificativa para este resultado pauta-se na dificuldade financeira da maioria da clientela estudada e, assim, a impossibilidade de adquirir, por meios próprios, o oclusor, visto que, até o início deste ano, os referidos equipamentos eram adquiridos com a verba da Secretaria Municipal de Saúde, assim como os demais equipamentos, para atender a população ostomizado do Município do Rio de Janeiro.Em função das dificuldades relacionadas à aquisição do oclusor, dos pacientes que irrigam regularmente sua colostomia, 75% utilizam bolsa fechada e de uma peça sobre o estorna, enquanto que, 2 mulheres, as mais jovens, usam algodão ou gaze, fazendo um curativo sobre a colostomia e, ainda assim, referem melhora das relações pessoais, benefícios sociais e psicológicos com a utilização dos métodos propostos.ConclusãoDiante dos resultados obtidos, concluímos que, a maior parte da amostra era formada por pessoas em fase adulta, do sexo feminino, casados e portadores de estorna terminal. Somente 34% da amostra realizavam, de forma regular, os métodos propostos e com intervalo de 48 horas.Considerações FinaisRessalta-se que este estudo, apesar da casuística reduzida, pôde trazer à pratica Enfermagem em Estomaterapia questões principalmente por tratar-se de cuidado específico relacionado à uma parcela tão significativa da sociedade.Esta investigação também permitiu desvelar embora a associação dos métodos propostos a-a mais benefícios, estes podem ser utilizados de forma isolada, sendo alternativas viáveis na busca da reabilitação da pessoa colostomizada.É necessário repensar a necessidade de maior divulgação dos benefícios dos métodos de irrigação e oclusor, por parte dos profissionais de saúde e, sobretudo, pelo Enfermeiro Estomaterapeuta, em relação à avaliação, indicação e acompanhamento do paciente colostomizado, de forma que este sinta-se mais seguro e fortalecido na resolução de suas dificuldades.


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References

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Published

2004-06-01

How to Cite

1.
Lima T das G de S, Lacombe D. Ostomias. ESTIMA [Internet]. 2004 Jun. 1 [cited 2024 Nov. 22];2(2). Available from: https://www.revistaestima.com.br/estima/article/view/147

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