Relato de caso 2
Abstract
Tratando úlcera após injeção de polidimetilsiloxane com hidrofibra prata
IntroduçãoO polidimetilsiloxane (silicone líquido) é um dos mais antigos materiais utilizados para corrigir alterações de relevo de rugas, cicatrizes e deformidades e, embora possa ter resultado positivo1, existe grande risco de complicações como: migração para outros órgãos, siliconomas2, câncer, deformação da parte do corpo, infecção e úlceras3. É um produto que oferece risco, pois ao migrar pelo tecido subcutâneo, não há mais como retirá-lo do organismo3, culminando com ulcerações da pele. Assim sendo, o objetivo desse estudo de caso é divulgar a utilização de hidrofibra com prata (HP) no tratamento de úlcera de perna após injeção de polidimetilsiloxane.MétodoTrata-se de relato de caso, com consentimento escrito, do tratamento de uma cliente, sexo feminino, 39 anos, assistida na Enfmedic Saúde, empresa privada especializada em estomaterapia, localizada no município de São Paulo. Como parte da sistematização de rotina, documentou-se com fotografia digital e planimetria computadorizada.Descrição do caso: admitida em 24.02.05, relatando a seguinte história: em 1998, por razões cosméticas, foi injetado silicone líquido nas pernas. Após a gravidez (1997), iniciou processo inflamatório na perna esquerda (PE), com edema e endurecimento contínuo; há cinco anos usa antibióticos sistêmicos de rotina e meia de compressão com zíper; em 2002, teve uma úlcera na PE, a qual apresentou recidiva há 40 dias e, além dessa, formou outras duas. Fazia terapia tópica com hidrogel amorfo e gaze de algodão.Avaliação: constatou-se a presença de três úlceras na PE, localizadas nas regiões anterior, medial e posterior, com as seguintes áreas, respectivamente: 7,82 cm2; 18, 61cm2(Fig 1), 1,27 cm2. O exsudato apresentava-se fétido, com volume moderado, coloração esverdeada e com cultura positiva para E. coli. A úlcera medial estava granulando e possuía mínima necrose tipo esfacelos nas margens. O leito das demais estava misto e ainda estabelecendo o nível de necrose. Referia dor local de moderada intensidade. Os tecidos ao redor estavam com edema, endurecimento e áreas ocres, curativo com gazes secas e aderidas ao leito.Planejamento: adotou-se umectação do membro com ácidos graxos essenciais. Adotou-se terapia tópica com HP, com troca, inicialmente, diária, umedecendo-se com soro fisiológico nas áreas com esfacelos. Como curativo secundário, usou-se gaze absorvente e fixação com atadura de crepe. Não foi utilizado curativo secundário com adesivos por que sua pele era muito sensível a adesivos. Manteve-se o uso da meia elástica de compressão com zíper, pois era fácil de ser aplicada sobre a área enfaixada.Quanto a HP, esta é uma cobertura composta por carboximetilcelulose sódica e 1,2% de prata iônica, com capacidade de absorver verticalmente, reter o exsudato e eliminar microorganismos no seu interior, além de manter meio úmido favorável à reparação4.ResultadosNão houve reação adversa e a paciente sempre referiu conforto e bem-estar. A dor foi abolida no primeiro curativo. As feridas tiveram tempos diferentes de reparo, em função da fase que se encontravam, pois continuava tendo necrose devido ao processo inflamatório decorrente do silicone. Porém, constatou-se rápida granulação em todas as áreas livres de necrose, com início da epitelização nos primeiros curativos. O exsudato diminuiu o volume e melhorou a aparência clínica progressivamente. A ferida de maior diâmetro cicatrizou primeiro (960 dia) e teve o seguinte perfil na diminuição da área inicial: 9,70% no 150 dia (Fig 2); 47,34% no 420 dia (Fig 3); 72,54% no 540 (Fig 4); 95,76% no 810 (Fig 5) e 100% no 910 (Fig 6) dia de tratamento, respectivamente. As demais feridas fecharam posteriormente.DiscussãoO Silicone líquido pode precipitar aparecimento de feridas mesmo depois de anos de sua aplicação5, as quais tendem a cronificar e infectar-se. Feridas nessas condições são beneficiadas com coberturas contendo prata, uma vez que esse anti-séptico melhora o ambiente molecular, permitindo a atuação das células de reparação. Não obtivemos outros estudos com a utilização de HP em feridas dessa natureza.ConclusõesA HP mostrou-se como excelente alternativa para tratar esse tipo de ferida crônica. Possibilitou controle da dor. Houve fechamento mais rápido nos primeiros 54 dias de tratamento (72,54%) da ferida medial.
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
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References
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