Relato de caso
Abstract
Relato de caso Complicações do Estoma Urinário, Prevenção com Uso de Pasta de Resina Sintética à Base de Hidrocolóide
IntroduçãoOs estomas constituem uma forma de tratamento provisório ou definitivo em várias condições, como: câncer, traumas etc1,2 .A despeito dos avanços científicos e tecnológicos, as cirurgias geradoras de estomias não estão isentas de complicações3, sendo que as mais frequentes são as dermatites (18 a 57%), hérnias (3 a 21%), prolapso (3 a 38%) e retrações (9 a 35%)3,4,5,6,7.A ocorrência de complicações, tanto de pele quanto do estoma, pode estar relacionada com o indivíduo (idade, características da pele, presença de doenças, tratamento com quimioterapia e radioterapia), o tipo de estoma (pela característica dos efluentes), a construção do estoma na parede abdominal (má localização) e os equipamentos coletores (má indicação ou utilização). Ressalta-se que, além desses fatores, a própria presença de uma complicação pode ser um fator para o desencadeamento de outra. Exemplo, um estoma plano ou retraído pode favorecer o aparecimento de dermatite8,12.Os equipamentos coletores constituem-se aspectos importantes na etiologia da dermatite periestoma. Além daqueles já relacionados, a má indicação, utilização ou qualidade, por vezes, os pacientes sofrem pela indisponibilidade ou escassez de tecnologias adequadas a sua necessidade, deixando sua pele em risco, pela dificuldade de aderência e manutenção dos dispositivos8-12.Diante da escassez de recursos apropriados para pacientes com urostomias planas, em nosso serviço, tais como dispositivos convexos e pastas protetoras, intentamos realizar esse estudo buscando uma alternativa que pudesse atender à necessidade dos pacientes, e também reduzir o risco de dermatite periestoma. Assim sendo, nossos objetivos foram avaliar a durabilidade do dispositivo com resina sintética plana, sem e com aplicação de pasta, em pessoas com urostornia plana, e verificar as impressões dos pacientes sobre a adoção de tal procedimento.MétodoTrata-se de um estudo de caso realizado no ambulatório de especialidades da Secretaria Municipal de Saúde de Piracicaba, Estado de São Paulo, no período de setembro a dezembro de 2004.Dos 10 pacientes matriculados no serviço com urostomia, somente três se enquadraram nos critérios estabelecidos, sendo esses: ambos os sexos; idade maior de 18 anos; ter estomia urinária plana; estar estomizado há mais de 30 dias; estar adaptado ao dispositivo urinário indicado anteriormente; concordar em participar deste estudo e ser alfabetizado.Condutas adotadasRealizou-se consulta de enfermagem, pela enfermeira do serviço para avaliação da pele, mensuração do estoma e orientações quanto: a higienização da pele, recorte da resina e retirada do equipamento da pele; o recorte da barreira sintética protetora de pele, de acordo com o diâmetro do estoma; aplicação de uma grossa camada de barreira de resina sintética em pasta ao redor da área recortada, seguindo as orientações do fabricante; preenchimento do impresso onde o cliente anotava os dias da troca com o uso de barreira de resina sintética em pasta.Foi fornecido a cada estomizado um tubo de pasta de 57 g, doada pelo fabricante e distribuidor no Brasil. Essa quantidade era suficiente para o uso de 10 trocas de dispositivo. O paciente deveria fazer 20 trocas de dispositivo, distribuídas da seguinte forma: 10 trocas sem e 10 trocas com o uso da barreira protetora de pele em pasta.A pasta adotada era formulada com três hidrocolóides (pectina, gelatina e gantrez).Após o término das 20 trocas, o estomizado deveria retornar ao serviço de estomaterapia para devolver a ficha de análise e transmitir as mudanças ou não na sua vida e suas impressões sobre o procedimento.Relato dos casos:Caso Clínico 01: sexo masculino, 73 anos, aposentado, urostomizado há 2 anos e três meses por neoplasia maligna de bexiga. Estoma localizado em prega na região infra-umbilical, com 12 mm de diâmetro. Presença de dermatite irritativa amoniacal na pele ao redor. Utilizava sistema duas peças com resina sintética plana recortável e adesivo IIIICIOPOIÍOSO.Caso Clínico 02: sexo feminino, 77 anos, aposentada, urostomizada há 04 meses por carcinoma diferenciado de bexiga. Estoma região supra umbilical, com formato 19 X 12 mm. Utilizava sistema uma peça com resina sintética plana recortável e adesivo microporoso.Caso Clínico 03: sexo feminino, 73 anos, aposentada, urostomizada há 02 meses por neoplasia maligna de Bexiga. Estoma localizado na região supra-umbilical, linha da cintura, com 14 mm de diâmetro. Apresentava dermatite traumática. Utiliza sistema uma peça, resina sintética plana recortável e adesivo microporoso.ResultadosPor meio dos registros realizados pelos pacientes, analisou-se a média do tempo de durabilidade do dispositivo sem e com a aplicação da pasta, bem como as impressões dos pacientes, depois de 20 trocas de dispositivos.Com relação à durabilidade, verificou-se que o tempo médio foi de um e sete dias sem e com o uso da pasta, respectivamente.Os pacientes relataram que o uso da pasta proporcionou maior segurança devido a adesividade do dispositivo.ConclusõesEste estudo demonstrou que a prevenção da infiltração do efluente urinário, feita pela barreira protetora de pele em pasta, proporciona maior durabilidade do dispositivo e, consequentemente, proteção da pele ao redor, proporcionando segurança aos pacientes.Considerações FinaisEmbora com limites no número de casos, demonstrou que a adoção rotineira da pasta de resina sintética à base de hidrocoloide proporciona economia de recursos públicos, pois evita a troca prematura do dispositivo.Além disso, a permanência do dispositivo na pele não somente evita a ocorrência de lesões, como também proporciona ao paciente mais segurança e conforto.Assim sendo, ressaltamos a importância das políticas públicas em prover recursos materiais adequados que possam atender plenamente a necessidade dos pacientes.Downloads
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