Relato de experiência 1

Authors

  • Janete Carvalho Freitas Enfermeira Pós Graduada em Estomaterapia – Centro Médico do Senado Federal.

Abstract

Hidrocolóide com Espuma: Uso em Prevenção


IntroduçãoOs hidrocolóides são coberturas avançadas, também ditas semi-oclusivas e retentoras de umidade. São chamadas coberturas avançadas porque se opõem às convencionais, não-avançadas e retendo umidade, pela semi-oclusão, interferem positivamente com a perda de vapor úmido das lesões.As coberturas hidrocolóides foram desenvolvidas a partir de barreiras adesivas usadas para a proteção prolongada da pele periestoma. O desenvolvimento do hidrocolóide como produto para manejo de feridas resultou em novas formulações e uma gama de produtos, tecnologicamente superiores, disponíveis em placas, grânulos e pastas1. As ações terapêuticas interativas e até, indiretamente, bioativas dos hidrocolóides, satisfazem todos os critérios de Turner e obedecem aos preceitos das pesquisas pioneiras de Winter: estimulam a neoangiogênese, o desbridamento autolítico, sustentam a cura em meio úmido, com manutenção de níveis adequados de temperatura e pH ideais à cicatrização, proporcionam trocas atraumáticas, menos freqüentes e sem dor, além de atuarem como barreira a bactérias, vírus e outros agentes contaminantes exógenos. São coberturas estéreis, com formulações de elastômeros, adesivos e polímeros formadores de gel. São estruturados com camada interna e externa. Na camada interna, há polímeros elastoméricos inertes associados a hidrocolóides, onde o mais comumente encontrado nas formulações é a carboximetilcelulose sódica (CMC sódica). Outros hidrocolóides que podem estar associados à camada interna, são a gelatina e a pectina2,4.A CMC sódica, um polissacarídeo bastante hidrofílico, tem propriedades adesivas, demulcentes, com ação protetora da pele, é antiirritante, tem grande capacidade de absorção e retenção de líquidos. É considerada um agente viscosificante e emulsificante, sendo que sua viscosidade aumenta ou diminui, de acordo com o volume absorvido. A gelatina é proteína purificada, originada da hidrólise do colágeno animal com ácido mineral, é miscível em água, tem odor característico, ação absorvente, geleificante e hemostática local. A pectina, como carbohidrato purificado, protege pele e mucosas do contato com substâncias irritantes, tem algum poder de absorção e de formação coloidal. É extraída da casca de frutas cítricas e da maçã3,5.Na camada externa da placa de hidrocolóide, o filme de poliuretano com sua importante função de semipermeabilidade, pode estar acrescido à espuma de poliuretano. Essa camada adicional de espuma aumenta o conforto físico, segurança e proteção à ferida2,6, além de poder atuar com função preventiva, em condições especiais, como:- prevenção de traumas teciduais em áreas sujeitas à pressão de intensidade moderada;- prevenção de injúrias de pele relacionadas à fricção;- em áreas sujeitas a altas pressões de interface, como parte integrante de um plano global de prevenção ao desenvolvimento de úlcera por pressão. Seguem alguns casos clínicos tratados preventivamente pelo hidrocolóide com espuma:Casos clínicos:1 - MLO, 82 anos. Paciente com deformidades motoras importantes, associadas à deambulação comprometida. Apresentou úlcera por pressão, estágio 2 ,em Hallux Valgus, MIE (Fig. 1). Após cicatrização da úlcera, mantida a proeminência óssea com placa de hidrocolóide com espuma, associado a calçado adequado (Fig. 2). A Fig. 3 mostra a manutenção da integridade cutânea cerca de 1 ano após o episódio ulcerativo.Fig. 1 Fig. 2 Fig. 32 – EV, 74 anos, história de úlcera por pressão, estágio III, em maléolo lateral E (Fig. 1). Após cicatrização da lesão (Fig. 2), o uso de placa de hidrocolóide com espuma foi implementado e mantido com função preventiva. Paciente com comprometimento parcial da mobilidade, sujeita a injúrias por fricção e por pressão. Fig. 1 Fig. 23- ELM, 70 anos, ulceração por pressão, estágio II, em maléolo lateral direito (Fig. 1). Após lesão reparada, mantido hidrocolóide com espuma (Fig. 2) com a finalidade de prevenir úlcera por pressão associada à fricção e pressão moderada. A despeito da perda parcial da mobilidade e ameaça potencial de ulceração, a proeminência óssea mantém-se íntegra (Fig. 3). Fig. 1 Fig. 2 Fig. 34 – DFJ, 80 anos, em uso de Bota de Unna em contato com proeminências ósseas (especialmente Hállux, maléolos e dorso do pé) . O uso de Hidrocolóide com espuma evitou erosão de pele e o desenvolvimento de úlcera por pressão. Fig. 1Fig. 25- GGM , paciente em uso de óculos grandes e pesados, com aplicação de pressão em dorso do nariz, associado a hiperemia reativa, dor e desconforto. Aplicado placa hidrocolóide com espuma, até adequação da órtese ocular. Fig. 1Fig. 26- ALA, 62 anos, paciente tetraplégico com história de úlcera por pressão trocantérica, estágio II (Fig.1). Após cicatrização, mantido hidrocolóide com espuma, associado a medidas gerais de prevenção ao desenvolvimento de úlcera por pressão (Fig. 2). Fig. 1 Fig. 27- STR, 70 anos. Em uso de Bota de Unna atingindo proeminências ósseas e áreas de pele friáveis. A proteção contra ulcerações por pressão foi conferida pelo hidrocolóide com espuma. Fig. 1Considerações FinaisOs hidrocolóides com espuma possuem ampla indicação no tratamento de feridas, no entanto, seu uso em planos de cuidados preventivos deve ser realçado. As intervenções preventivas são necessariamente multifacetadas e individualizadas e, dentro desse contexto amplo, os hidrocolóides com camada adicional de espuma, têm se mostrado importantes coadjuvantes na minimização dos efeitos negativos de forças de pressão e fricção.

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References

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Published

2006-09-01

How to Cite

1.
Freitas JC. Relato de experiência 1. ESTIMA [Internet]. 2006 Sep. 1 [cited 2024 Dec. 26];4(3). Available from: https://www.revistaestima.com.br/estima/article/view/189

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