Atualização 1
Abstract
Laser de Baixa Intensidade no Tratamento de Feridas: Parte ILow Level Laser Therapy in Wound , Care Management: Part IResumoO uso da luz para cura é histórico. Gregos e Romanos sabiam que a luz contribuía para cura, só não sabiam exatamente o mecanismo. A luz solar, essencial para o equilíbrio biológico, é convertida em energia eletroquímica que mantém nosso metabolismo, sistema endócrino e imunológico em perfeito funcionamento. Nesta revisão será demonstrado o efeito de um tipo muito específico e característico de luz: o LASER. Sendo um acrônimo de Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation, ou Amplificação da Luz por Emissão Estimulada de Radiação resulta de princípios físicos desde 1916. Existem atualmente muitos recursos para o tratamento de feridas, e a escolha do laser de baixa intensidade deve representar um recurso adjunto a terapia já utilizada. Entre os benefícios que esta terapia pode oferecer ao tratamento de feridas podemos destacar: proliferação fibroblástica, estímulo à microcirculação, estímulo à síntese de colágeno além de efeito analgésico, antinflamatório e bactericida.Palavras Chaves: Terapia a Laser de Baixa Intensidade . Cicatrização de feridas. AbstractThe use of light for healing dates from ancient times. Geeks and Romans knew that light contributes to the healing process, although they did not know its mechanism of action. Sunlight is essential for the biological balance; it is converted into electrochemical energy, which is responsible for maintaining the good functioning of our metabolic, endocrine and immune systems. Laser is the acronym for Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation, and is based on physical concepts introduced in 1916. Presently, there are many treatments available for wound care, and low level laser therapy may represent an adjunct to the routine therapy. Among the benefits provided by this therapy are stimulation of fibroblast proliferation, and stimulation of microcirculation and colagen synthesis, as wel as analgesic, anti-inflammatory and antimicrobial effects.Key words: Low level laser therapy. Wound healing. IntroduçãoA fundamentação teórica do Laser, (low level laser therapy), ocorreu em 1917 com Albert Eintein, em seu trabalho "Zur Quantun Theorie der Strablung". Somente em 1960 ocorreu o primeiro disparo de luz laser por Theodore Maiman. Nas décadas subseqüentes, vários dispositivos de laser baseados no protótipo original de Maiman foram desenvolvidos1.O trabalho inicial da terapia laser começou na Europa Oriental, sendo fortemente baseado no trabalho do professor Endre Mester, de Budapeste (1960), conhecido como o pai da bioestimulação2,3. Os resultados desse trabalho indicaram o potencial da irradiação laser de intensidade relativamente baixa, aplicada diretamente no tecido, para modular certos processos biológicos. Em 1962, Patel desenvolveu o primeiro laser com finalidade terapêutica, com um meio ativo de mistura gasosa de Hélio-Neônio (HeNe) emitindo radiação com comprimento de onda de 632,8 nm, na faixa espectral do vermelho. Nos últimos 15 anos a introdução de pequenos fotodiodos compactos para emissão de laser tem produzido um aumento no uso desta terapia no ocidente. A aplicação desta terapia tem encontrado aplicação cada vez maior entre os profissionais da área da saúde, para uma variedade de condições, incluindo o tratamento de feridas, tecido moles, condições artríticas e quadros álgicos de várias etiologias1,4.Princípios FísicosOs equipamentos de laser são constituídos por ondas eletromagnéticas, vamos fundamentar as características dessas ondas:Onda é uma perturbação ou distúrbio, transmitido através do vácuo ou de um meio gasoso, líquido ou sólido. Todas as ondas transmitem energia de um ponto a outro, sem obrigatoriamente haver transporte de matéria. No caso da LUZ que é uma onda ELETROMAGNÉTICA, as variáveis que sofre oscilação são os vetores "campo elétrico" e "campo magnético". Na onda sonora (onda mecânica) a variável "pressão" é que sofre oscilação5. (fig 1)Fig. 01 - Representação esquemática de uma onda, Veçoso (1993).
a) Período: tempo gasto para efetuar um ciclo, representado pela letra T e medido em segundos (s).b) Comprimento de Onda: é a distância percorrida pela onda em um período, representado pela letra "l" e medido em nanômetros (nm)1.c) Freqüência: é o número de ciclos realizados em um segundo, representada pela letra "f" e sua unidade é Hertz (Hz).Tipos de onda:a) Ondas mecânicas: necessitam de matéria para se propagar. Ex.: som.b) Ondas não-mecânicas (eletromagnéticas): não necessitam de matéria para se propagar. Ex.: luz.Espectro Eletromagnético:É o comprimento de onda que define o espectro eletromagnético de uma onda, essa característica determina a capacidade de penetração de determinada onda eletromagnética, por exemplo, nos tecidos biológicos. (fig. 2)Fig. 02 - Espectro eletromagnético, Low (2001)
Radiações como Raios-X situam-se no espectro eletromagnético na região, cujo comprimento (l) se localiza entre 10 a 0,1 nm. Já radiações Gama, onda eletromagnéticas extremamente penetrantes, a qual emitem elétrons-pósitron, tornando-se ionizada, têm origem do núcleo atômico, e situam-se nos espectros eletromagnéticos menores que 0,01 nm.Os lasers de baixa intensidade utilizados na prática clínica para o tratamento de condições dermatológicas localizam-se no espectro eletromagnético visível (fig. 3) entre 400 a 770 nm5/6Fig. 03 - Espectro eletromagnético visível, Low (2001)
Comprimentos de onda como 670nm promove a estimulação à produção de ATP e divisão celular, devido à região do espectro eletromagnético que se localizam, podendo ser absorvida no ciclo respiratório, estimulando a cadeia respiratória e, conseqüentemente, a produção de ATP7.Comprimentos de onda como 670nm promove a estimulação à produção de ATP e divisão celular, devido à região do espectro eletromagnético que se localizam, podendo ser absorvida no ciclo respiratório, estimulando a cadeia respiratória e, conseqüentemente, aprodução de ATP7.Emissão da Luz Laser:Um feixe de luz é composto por um número inteiro de fótons, esses são "pacotes" de energia, "quantas" de luz. Para que ocorra a emissão desses fótons é necessário um átomo de um meio ativo. Qualquer átomo pode ser considerado como formado por um núcleo em torno do qual se movem pequenas partículas8. (fig. 4)
Fig. 04 - Representação de um átomo do meio ativo, Física/USP (2000)
Esse material ativo que constitui o átomo pode ser formado por:- Líquido: corantes orgânicos como Rodamina. - Sólido: Alexandrita, Érbiun. - Gás: CO2, Argônio, HeNe.- Diodo: AsGa. AsGaLnP.Os lasers constituídos de HeNe foram os primeiros a serem usados para aplicações LLLT, com uma vasta publicação de trabalhos, mas seu uso tem diminuído consideravelmente na última década devido a seu elevado custo, e uma potência de saída comparativamente baixa em relação aos lasers de diodo1.A produção da luz laser resulta de um elétron que sofre um salto quântico passando de um baixo estado de energia para um alto estado de energia, quando isso ocorre, esses elétrons emitem fótons que originam ondas eletromagnéticas com mesma FREQUÊNCIA, COMPRIMENTO E DIREÇÃO1,9.Características da luz laser:- Coerência: os feixes se propagam na mesma direção, no tempo e no espaço e com a mesma freqüência. (fig. 5)Fig. 05 - Coerência da luz laser, Pimenta (1990).
- Colimação: a luz laser é unidirecional, sem divergência de radiação, mesmo se emitida a distância, essa propriedade mantém a potência óptica do aparelho em uma área relativamente pequena durante distância considerável. (fig. 6) ,Downloads
References
Baxter D. Laser de Baixa Intensidade. In: Kitchen S. Eletroterapia: pratica baseada em evidência. São Paulo (SP): Manole, 2000. p. 171-89.
Brugnera Junior A, Pinheiro A B. Laser na odontologia moderna. São Paulo (SP): Pancast, 1998.
Pimenta LHM. Laser em medicina e biologia: generalidades. São Paulo (SP): Rocca, 1990.
Shindl A, Shindl M, et al. Low-Level Laser Therapy: A review. J Investigative Medicine setembro 2000; 48(5): 312-26.
Low J, Read A. Eletroterapia explicada-princípios e prática. São Paulo (SP): Manole, 2001.
Laakso L. Factors effecting low level laser therapy. Aust J Phisiother 1993; 39:95-9.
Albertini T. Análise do efeito do laser de baixa potência (AsGaAl) no modelo de inflamação e edema de pata em ratos. Fisiot Brasil 2002; 3:3-15.
Oshiro C. Low Level Laser Therapy: practical application. Toronto: John Wiley & Sons, 1991.
Ortiz MCS, Carrinho PM, Santos AAS, Gonçalves R, Parizoto NA. Laser de baixa intensidade: princípios e generalidades - parte 1. Fisiot Brasil 2001; 2(4):221-40.
England S. Introduction to Mid Laser Therapy. Physioterapy 1988; 74(3):100-3.
Karu T, Payatbrat L, Kalendo G. Irradiation with He-Ne laser increases ATP level in cels cultivated in vitro. J Photochemistry and Photobiology B: Biology 1995; 27:219-23.
Bolnois JL. Photophisycal processes in recent medical laser developments: A review. Laser Med Therapy 1986; 1:47-66.
Karu T, Pyatbrat LV, Kalendo GS. Photobiological modulation of cel atachment via cytocrome c oxidase. Photochem Photobiol Sci 2004; 3:211-6.
Manteifel V, Bakeeva L, Karu T. Ultrastructural changes in chondriome of human lymphocytes after irradiation with He-Ne laser: appearence of giant mitochondria. J Photochemistry Photobiology B: Biology 1997; 38:25-30.
Junqueira LCU, Carneiro J. Biologia celular e molecurar. São Paulo (SP): Manole 2005.
Miro L, Coupe M, et al. Estúdio capilaroscopio de la acción de um laser As-Ga sobre la microcirulación. Inv Clínica Laser 1984; 1:9-14.
Benedicenti A, Verrando M, Cherlone F, Brunetti O. Effect of 904nm laser on microcirculation and arteriovenous circulation as evaluated using telethermography imaging. Paradontol. Stomatol 1984; 23(2): 167-78.
Treles M, Mayano W, Miró L, Baudin G. Hitamine & low power laser. J Blodless Medicine & Surgery 1988; 6:15-6.
Shimizo N. Inhbition of PGE2 and Interleukin-1-beta production by low power laser irradiation in stretched periodontal ligaments cels. J Dental Rev 1995; 74:1382-8.
Bjordal JM, Lopes-Martins RA, Iversem W. A randomized placebo controled trial of low level laser therapy for actvated achiles tendinitis with microdialyses mensurement of peritendinous prostaflandin E2 concentrations. Br J Sports Med 2004; 40(1):76-80.
Carrilo JS, et al. A randomized double blind clinical trial on the effectiveness of He-Ne laser in the prevention of pain and trismos after removal of inacted trhird molars. Dental J 1990; 40:31-6.
Garthner E, et al. Low active laser therapy in rheumatology: a review of the clinical experience in the author´s laboratory. Laser Therapy 1992; 4:107-15.
Ferreira DM, Zângaro RA, et al. Analgesic effect of He-Ne (632.8nm) Low-Level Laser Therapy on acute inflammatory Pain. Photomed Laser Surg 2005; 23(2):177-81.
Rabelo SD, Vilaverde AB, Nicolau RA, et al. Comparison between wond healing in induced diabetic and nondiabetic rats after Low-Level Laser Therapy. Photomed Laser Surg 2006; 24(4):474-79.
Mizutani K, Yoshiro M, et al. A clinical study on serun prostaflandin E2 wth low level laser thepapy. Photomed Laser Surg 2004; 22(6):537-9.
Mesawa S, Iwat K, et al. The possible analgesic effect of soft-laser irradiation on heat nociceptors in the cat tongue. Arch Oral Biol 1988; 33:693-4.
Genovese WJ. Laser de baixa intensidade: aplicações terapêuticas em odontologia. São Paulo (SP): Lovise 2000.
Mayano E, Treles MA. Irradiación Laser experimental de la mucosa anal em el ratón de laboratório. Inv Clin Laser 1984; 4:28-30.
Escola R, Lu R, et al. Contribution à l´etude ultrastructural de tissus gengivaux irradies au soft-laser Hélium-Néon. Chir Dent France 1992; 55(276):113-9.
Ihsan FR. Low level laser therapy accelaretes colateral circulation and enhaces microcirulation. Photomed Laser Surg 2005; 23(3):289-94.
Fedoseyeva GE, Karu T, Lyapunova TS, et al. The activacion of yest metabolism with He-Ne laser irradiation - I protein synthesis in various cultures. Laser in the Life Sciences 1988; 2(2):137-46.
Carvalho PTC, Mazzer N, Raduan RM. Os efeitos do laser de baixa intensidade em feridas cutâneas induzidas em ratos com diabetes Melitus Experimental. Fisioterapia Brasil 2001; 2(4):241-6.
Shneider NP, Soudry M, et al. Modificações da dinâmica de crescimento e estrutura após tratamento com laser de HeNe de fibroblastos gengivais. Odontologia Hoje 1990; 9:407-9.
Hawkins D, Abrahamse H. Effect of multiple exposures of low-level laser therapy on the celular responses of wonded human skin fibroblasts. Photomed Laser Surg 2006; 24(6):705-14.
Azevedo LA, Freire AL, Amorim F, Castro R, Dornelas A. Laser de Hélio Neônio no processo de cicatrização de feridas em ratos. [dissertação]. São Paulo (SP): Universidade Federal Pernambuco/UFPE; 2005.
Garcia VG, Okamoto T, Jina JR. Cicatrização de feridas cutâneas ao tratamento com raio laser: estudo histológico em ratos. Ver Odont Unesp 1996; 25(1):37-48.
Mejía PAL, Bultrón HL, Hernandez AMM, Ruiz AR. Redicción Del tiempo de cicatrización por médio de laser de Helio-neón.: modelo experimental em conejos. Ver Mex Ortop TRaum 1999; 13(5):455-8.
Moore P, Ridgway TD, Higbee RG, et al. Effect of wavelength on low-intensity laser irradiation stimulated cel proliferation in vitro. Laser Surg Med 2005; 36:8-12.
Matera JM, Dagli MLZ, Pereira DB. Efeitos da radiação soft laser (diodo) sobre processo de cicatrização cutânea em felinos. Braz J Vet Res Anim Sci 1994; 31(1):43-8.
Braverman B, Mccathy RJ, Ivankovich AD. Effect of Heliun-Neon and infraed laser irradiation on wound healing in rabbits. Laser Surg Med 1989; 9:50-8.
Capon A, Souil E, et al. Laser assisted skin closure by using a 815nm diode laser system accelerates and improves wound healing. Laser Surg Med 2001; 28(2):168-75.
Bayat M, Delbari A, Almaseyeh MA, et al. Low-level laser therapy improve early healing of medical colateral ligament injuries in rats. Photomed Laser Surg 2005; 23(6):556-60.
Mester E, Mester AF, Mester A. The biomedical effects of laser application. Laser Surg Méd 1985; 5:31-9.
Sugrue ME, Carolan J, Leen EJ. The use of infra-red laser therapy in the treatment of venous ulcerations. Annals Vascular Surg 1990; 4:179-81.
Gonçalves G, gonçalves A, Pandovani CR, Parizoto Na. Promovendo a cicatrização de úlceras hansênicas e não hansênicas com laserterapia: ensaio clínico em unidades ambulatoriais do Sistema Único de Saúde. Hansen Int 2000; 25(2):133-42.
Baptista IMC. Análise do laser de baixa potência na prevenção de deiscência incisional em cirurgia cardíaca.[dissertação]. São José dos Campos (SP): Instituto de Psquisa e Desenvolvimento/Univap; 2002.
Schindl A, Heinze G, Shindl M, et al. Systemic effects of low-level laser irradiation on skin microcirculation in patients with diabetic microangiopaty. Microvasc Reserch 2002; 64:240-6.
Shoji N. Estudo sobre o efeito do laser de baixa potência em deiscência de safenectomia pós-revascularização miocárdica. [dissertação] São José dos Campos (SP): Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento/Univap; 2003.
Rigau J. Acción de lá luz laser a baja intensid em la modulación de la función celular. [dissertação] Barcelona: Unitat de Biofísica i Bioenginyeria/Facultat de Medicina Barcelona; 1996.
Simunovic Z, et al. Treatment of lateral epicondylitis - tennis and golfer´s elbow with low level laser therapy: a multicenter double-blind placebo-controled - clinical studin on 324 patients. J Clincal Laser Med Surg 1998; 16:145-51.