Revisão 2

Authors

  • Adriano Menis Ferreira Enfermeiro. Prof. Dr. do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul-Três Lagoas.

Abstract

Reconhecendo Tecidos Desvitalizados no Leito da FeridaIdentifying Devitalized Tissues in the Wound Bed
ResumoTecidos desvitalizados retardam a cicatrização por atuarem como substrato para o crescimento bacteriano e uma barreira física para o tecido de granulação e epitelização. Este artigo de atualização apresenta os tecidos desvitalizados que podem estar presentes no leito da ferida, a fim de subsidiar o profissional na correta descrição da lesão quanto à presença de tecidos desvitalizadosPalavras Chaves: Desbridamento. Cicatrização de Feridas. Avaliação em Enfermagem.AbstractWhen present in the wound bed, devitalized tissues act as a substrate for bacterial growth and a physical barrier for granulation tissue and re-epithelialization, delaying the healing process. This paper provides update information on devitalized tissues that may occur in the wound bed, and is intended to help health professionals to correctly identify and describe devitalized tissues in lesions.Key words: Debridement. Wound healing. Nursing Assessment. IntroduçãoTecido desvitalizado, tecido morto, tecido necrótico, tecido inviável, tecido necrosado e escara, nada mais são do que sinônimos e se referem, simplesmente, à morte celular, portanto necrosados, independente da cor e da consistência que apresentam. Ademais, é um tecido que pode retardar a cicatrização1,2. A presença desse tecido no leito da ferida está geralmente associada com alteração tissular de oxigênio, ressecamento do leito da ferida ou alta densidade microbiana. Quando ocorre a morte de um tecido, sua cor, consistência e adesividade são alteradas no leito da ferida1,2. Assim, com o aumento da lesão, o tecido necrótico progride de branco/cinza para escuro ou amarelo e, finalmente, para marrom ou negro. Dois principais tipos de tecidos necrosados podem estar presentes no leito de uma ferida, quais sejam, esfacelo e escara, os quais estão relacionados a diferentes níveis de necrose e são descritos de acordo com a cor, consistência e aderência1. Esfacelo é definido como um tecido amarelo (escuro), cinza, delgado, mucinoso2. Outra definição é descrita como um tecido de coloração amarela ou branca que adere ao leito da ferida e apresenta-se como cordões, ou crostas grossas, podendo ainda ser mucinoso3; já a escara é definida como um tecido marrom, cinza ou preto, podendo variar de mole a firmemente aderido no leito da ferida e representa uma destruição de espessura total do tecido4. Cabe destacar que ambos são tecidos indesejáveis no leito de uma ferida, pois se caracterizam como tecido necrosados.A avaliação da ferida se torna difícil quando há presença de tecidos desvitalizados, pois a extensão da ferida não pode ser determinada e qualquer descolamento ou loja não fica evidente. Nesta situação, o desbridamento é necessário para evitar infecção local ou sistêmica, uma vez que o tecido desvitalizado age como meio de cultura, promovendo crescimento bacteriano e inibindo a fagocitose leucocitária de bactérias5-6.Desta forma, o tecido desvitalizado é aquele desprovido de nutrientes e oxigênio por um período de tempo4. Varia de duro, necrótico seco verde. É importante que o profissional reconheça o tipo de tecido presente na ferida. Uma ferramenta útil é o sistema de cores7. Esse sistema classifica o tecido por cores. Vermelho se refere ao tecido de granulação, negro ao tecido necrótico e amarelo ao esfacelo. Portanto, a remoção de tecidos desvitalizados estimulará a cicatrização, eliminará o potencial de infecção, reduzindo o odor e exsudato8.Em relação ao esfacelo, este pode ser úmido ou seco, que pode variar na aparência de amarelo e macio (Fig 1) a consistente e duro (Fig 2). É essencial diferenciar entre esfacelo e componentes fibrinosos do exsudato que é conducente para cicatrização, uma vez que a fibrina presente junto a esse exsudato é necessária para sustentação do tecido de granulação6Figura 1 

 

O conteúdo do esfacelo é composto de fibrina, elastina, colágeno, leucócitos intactos, fragmentos celulares, exsudato e grandes quantidades de ácido desoxirribonucléico e bactérias9-10.A reintrodução de umidade, seja pelas coberturas ou formação de edema e, ainda, aumento de exsudato inflamatório, levará o tecido necrótico a mudar da tonalidade de marrom a amarelo (Fig 3). Em seguida o tecido se desfaz, formando esfacelo, um tecido de característica fibroso e úmido que adere ao leito da ferida. Esfacelo pode ser verde ou acinzentado na presença de infecção (Fig 4). Nas condições adequadas, o esfacelo eventualmente se liquefaz e drena da ferida (Fig 5). Esse processo de liquefação denomina-se desbridamento autolítico4-5,8-10.  

Figura 2

Figura 3
 
Figura 4

  Figura 5
O tecido desvitalizado prejudica a cicatrização e sua correta identificação auxiliará o profissional na tomada de decisão quanto ao melhor método de desbridamento. Considerando isso, o quadro 1 sintetiza as características dos tecidos desvitalizados no leito da ferida. Considerações FinaisA adequada avaliação e documentação do tecido presente no leito da ferida é primordial para o conhecimento da progressão da cicatrização. Em se tratando de tecidos desvitalizados, o fato se torna preocupante, pois indica problemas no processo de cicatrização. O conhecimento adequado dos tecidos desvitalizados que podem estar presentes no leito da ferida, ajudará o profissional a tomar decisões quanto a terapia tópica a ser aplicada, além de suscitar questionamentos dos fatores locais e/ou sistêmicos que estão levando a presença do tecido desvitalizado.

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Published

2008-12-01

How to Cite

1.
Ferreira AM. Revisão 2. ESTIMA [Internet]. 2008 Dec. 1 [cited 2024 Dec. 22];6(4). Available from: https://www.revistaestima.com.br/estima/article/view/239

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