Revisão 2
Abstract
Eletroterapia como Tratamento Adjuvante de Úlceras Crônicas: uma Revisão da LiteraturaElectro-therapy as Adjuvant of Chronic Wound Healing Treatment: a Literature ReviewResumoA estimulação elétrica é uma modalidade física de tratamento que utiliza a transferência de corrente elétrica para os tecidos como auxílio ao processo de reparação tecidual. Este estudo foi realizado a partir de uma revisão da literatura, com publicações entre 1997 e 2007, com o objetivo de identificar a efetividade do uso da eletroterapia no tratamento de úlceras crônicas. Foram utilizadas as bases de dados: MEDLINE, CINAHL, SciELO, LILACS e Biblioteca Cochrane. Os artigos foram identificados utilizando os unitermos: eletroestimulação, estimulação elétrica, eletroterapia, feridas e úlceras crônicas, pelo Medical Subject Heading (MESH) do Index Medicus e DeCS (Descritores em Ciências da Saúde Bireme), em inglês, português e espanhol. Foram selecionados 9 estudos e 4 excluídos. Os erros metodológicos foram apontados como principal causa que inviabiliza a indicação do uso da eletroterapia na cicatrização de úlceras crônicas baseada em evidências. Nesta revisão, encontramos relação do uso da eletroterapia com a cicatrização das úlceras por pressão.Palavras Chaves: Terapia por Estimulação Elétrica. Cicatrização de Feridas.AbstractElectrical stimulation is a physical wound care modality that uses the transfer of electrical current to tissues to support wound healing. A literature review between 1997 to 2007 was performed to identify electrical efectiveness treatment for chronic wound healing. Data bases were identify at MEDLINE, CINAHL, SciELO, LILACS and Cochrane Library. The uniterms used were eletric stimulation, eletric stimulation therapy, wound and chronic wound in Medical Subject Heading (MESH) of Index Medicus and DeCS. A total 9 studies were identified and 4 were excluded. There was methodological failure and insuficient reliable evidence to draw conclusions about the contribution electro-therapy to chronic wound healing. It was relationship only between electro-therapy and pressure ulcer healing in these review.Key ords: Eletric Stimulation Therapy. Wound Healing.IntroduçãoApesar do desenvolvimento científico e tecnológico, as úlceras crônicas ainda representam um desafio para enfermeiros, médicos e especialistas. Em situações onde não há resposta ao tratamento padrão5, há a possibilidade de utilização de energia como tratamento adjuvante, como a eletroterapia, laser ou ultra-som1,2,3.As intervenções terapêuticas que envolvem energia exigem habilitação profissional devido às especificidades e riscos inerentes a cada tipo4,5. A estimulação elétrica é uma modalidade física de tratamento que utiliza a transferência de corrente elétrica para os tecidos, com o objetivo de estimular o processo de reparação tecidual2. A indicação da eletroterapia como tratamento adjuvante de feridas crônicas deve ser fundamentada no conhecimento das diferentes modalidades de energia, com fins terapêuticos e nos critérios de utilização desses tratamentos6.Revisão de LiteraturaA eletroterapia é a utilização de correntes elétricas exógenas com o objetivo de induzir alterações fisiológicas para fins terapêuticos4.A utilização da estimulação elétrica na área da saúde é descrita desde o século XVIII. Em 1786, Luigi Galvani estimulou os nervos e músculos de rãs com cargas elétricas. Em 1933, Fabre-Palaprat utilizou correntes diretas para administração de medicamentos nos tecidos e este procedimento foi denominado iontoforese. Historicamente, os estimuladores elétricos clínicos passaram por fases de grande popularidade a total desprezo, principalmente como moduladores da dor. Em meados da década de 80, a estimulação elétrica voltou a ser utilizada com novas propostas terapêuticas, entre elas a reparação de tecidos lesados4,7.As células eucarióticas possuem correntes e cargas elétricas devido à presença e movimentação de íons no líquido intracelular, que ultrapassam a membrana celular, formando correntes por convecção. Tecidos eletricamente excitáveis, como nervos e músculos, geram pulsos elétricos que podem ser detectados na superfície do corpo com o uso de equipamentos, como o eletroencefalograma, eletromiografia ou eletrocardiograma. Tecidos não excitáveis também apresentam potenciais elétricos que são mais ou menos estáticos e incluem potenciais de bateria da pele, relacionados com o crescimento e regeneração tecidual e gerados pela distensão do tecido conjuntivo4,9.A expressão "bateria da pele" refere-se a uma voltagem transcutânea fisiológica na pele humana. O extrato córneo possui cargas negativas com relação à derme, com uma diferença de potencial de 23 mV. Uma lesão na pele faz com que íons carregados positivamente se movam da derme para a epiderme, formando uma corrente de lesão (Figura1). Isto ocorre devido à atividade da bomba de Na+ nas células da epiderme e mudanças de voltagem entre a lesão e a pele adjacente íntegra4.O campo elétrico estimula a proliferação e a migração de células epiteliais e de tecido conjuntivo. O ambiente úmido no local da lesão é fundamental para a passagem da corrente elétrica4,7,8.Estas evidências sugerem que a cicatrização pode ser parcialmente controlada por sinais elétricos e, desta forma, a estimulação elétrica pode influenciar no processo de reparação tecidual4,8,9,10.As alterações visíveis de um corte acidental na pele são muito semelhantes com as alterações menos visíveis, devido a uma laceração muscular ou de ligamentos. A resposta a qualquer dano é similar em todos os tecidos vascularizados. O diagnóstico funcional é determinante das condições em que a lesão ou ferida terão benefícios com o uso da eletroterapia4,8,11.As correntes elétricas exógenas são Figura 1. Correntes da lesão (Adaptado de John Low e Ann Red. Eletroterapia Explicada: princípios e prática, 2001). classificadas como diretas, alternadas ou de pulso. Estas correntes possuem indicações terapêuticas específicas. Voltagem (V) é a diferença de potencial entre dois pólos e mede a tendência de ocorrer fluxo de corrente. As correntes podem ser de alta ou baixa voltagem. A freqüência (Hz) é definida como o número de ciclos emitidos por segundo4.


Downloads
References
Culum N, Nelson EA, Flemming K, Sheldon T. Systematic reviews of wound care management: beds; compression; laser therapy, therapeutic ultrasound, electrotherapy and eletromagnetic therapy. Health Technol Assess. 2001; 5 (9): 1-221.
Sussman C, Bates-Jensen BM. Management of Wound healing with physical therapy technologies. In: Sussman C, Bates-Jensen BM. Wound Care: A colaborative practice manual for physical therapistis and nurses. Baltimore: Lippincott Wilians & Wilkins. 2001. p. 485- 660.
Sussman C, Bates-Jensen BM. Wound healing physiology and chronic wound healing. In: Sussman C, Bates-Jensen BM. Wound Care: A colaborative practice manual for physical therapistis and nurses. Baltimore: Lippincott Wilians & Wilkins. 2001. p. 26-47.
Sussman C, Byl N. Electrical stimulation for wound healing. In: Sussman C, Bates-Jensen B M. Wound Care: A colaborative practice manual for physical therapistis and nurses. Baltimore: Lippincott Wilians & Wilkins. 2001. p. 497-545.
Braddock M, Campbel CJ, Zuder D. Current therapies for wound healing: electrical stimulation, biological therapeutics, and the potential for gene therapy. International Journal of Dermatology.1999; 38: 808-17.
Flemming K, Culum N. Electromagnetic therapy for treating venous ulcer. (Cochrane Review). In: The Cochrane Library, Issue 1. 2006. Oxford: Update Software.
Santos VNS, Ferreira LM, Horibe EK, Duarte IS. Electric microcurrent in the restoration of the skin undergone a trichloroacetic acid peeling in rats. Acta Cir Bras.2004;19 (5): 466-9.
Hess CL, Howard MA, Attinger CE. A review of mechanical adjuncts in wound healing: hydrotherapy, ultrasound, negative pressure therapy, hyperbaric oxygen, and electostimulation. Annals of Plastic Surgery.2006;51(2): 210-8.
Jerônimo EP. Fisioterapia na cicatrização e recuperação funcional nos portadores de úlcera de hipertensão venosa crônica: uso de estimulação elétrica com corrente de alta voltagem. São Paulo. 2005. 123 p. Dissertação (Mestrado) Universidade de São Paulo, São Paulo.
Ojingwa JC, Isseroff RR. Electrical Stimulation of Wound Healing. The Journal of Investigative Dermatology. 2003; 121 (1): 1-12.
Sheffet A, Cytryn AS, Louria DB. Applying electric and eletromagnetic energy as adjuvant treatment for pressure ulcers: A critical review. Ostomy Wound Management. 2000; 46 (2): 28-44.
Hampton S, Collins F. Treating a pressure ulcer with bioeletric stimulation therapy. British Journal of Nursing. 2006; 15 (6): S14-8.
Manesh OA, Flemming K, Culum NA, Ravaghi H. Electromagnetic therapy for treating pressure ulcer. (Cochrane Review) In: The Cochrane Library, Issue 4, 2006. Oxford: Update Software.
Marques CM, Moreira D, Almeida PN. Atuação fisioterapeutica no tratamento de úlceras plantares em portadores de hanseníase: uma revisão bibliográfica. Hansen Int. 2003;28 (2): 145-50.