Estudo Caso
Abstract
Mielomeningocele: A Importância da Integração entre Comissão de Curativos e Enfermagem Neonatal na Cicatrização de Lesões
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7A hidrofibra é uma cobertura estéril, não entrelaçada, composta por fibras de carboximetilcelulose sódica e macia. Curativo de fácil manipulação e altamente absorvente. Reduzindo o risco de maceração da pele circundante à ferida, estimulando a retração das margens, forma um gel macio que interage com o exsudato da ferida, mantendo o meio úmido ideal para a cicatrização, de fácil remoção, causando pouco ou nenhum dano ao novo tecido formado. Por esse motivo, foi restrito o seu uso somente sobre ambos os retalhos cirúrgicos, buscando a epitelização local. Nesta etapa a periodicidade de troca das coberturas foi alterada para 72 horas. A deiscência da FO permaneceu com aplicação de hidrogel composto de alginato de cálcio e sódio e carboximetilcelulose sódica, mínima quantidade em ponto de necrose, o exsudato permanecia em pouca quantidade, posto que, apresentava pontos de granulação e aproximação notável das margens.Durante a internação, o RN recebeu antibioticoterapia profilática pré-operatória com cefuroxima por 10 dias, quando foi substituída por vancomicina e meropenem, mantidos por mais 14 dias devido à deiscência de sutura. Quanto à sedação e analgesia durante a realização dos curativos, recebeu fentanyl e tramal na primeira semana devido à gravidade das lesões e foi avaliado por meio da utilização da escala de dor onde o resultado foi sete.A Escala de Avaliação da Dor (NIPS – Neonatal Infant Pain Scale), concebida por Lawrence e seus colaboradores, em 1993, é composta por seis indicadores de dor, cinco comportamentais e um fisiológico, incluindo a expressão facial, o choro, a movimentação dos braços e pernas, o estado de sono/alerta e o padrão respiratório. Trata-se de uma escala válida, pois baseia-se nas alterações comportamentais frente ao estímulo doloroso, considerando-se que existe dor quando a pontuação é igual ou superior a quatro.6 A escala apresentada tem-se mostrado útil para a avaliação de dor em neonatos de termo e prematuros, conseguindo diferenciar os estímulos dolorosos dos não dolorosos.7 (Quadro 1) Após o tratamento com as coberturas indicadas, foram suspensas as medicações fentanil e tramal, pois o resultado da escala NIPS mantevese três, e a prescrição de novalgina e tylenol permaneceu à critério médico. Notificam-se também, hemoculturas de rotinas da unidade negativas e cultura de secreção de FO negativa posterior ao dia 05/04/08.No dia 25/04/08 o paciente recebeu alta hospitalar, com orientações aos pais para retorno ambulatorial. Esse reencontro ocorreu dia 03/05/ 08, confirmando o excelente resultado da assistência de enfermagem aliada ao empenho de toda equipe multidisciplinar. Contabilizou-se 46 dias de tratamento, incluindo o retorno pós-alta hospitalar (Figuras 8, 9 e 10).
Figura 8
Figura 9
Figura 10A comissão de curativos institucional é importante no direcionamento do tratamento das lesões, viabiliza a sistematização da assistência de enfermagem, assim como a escolha das coberturas de acordo com o tipo de tecido encontrado, controle de exsudato e da dor e determina o estabelecimento de periodicidade de troca das coberturas e as instruções para realização dos curativos, além de favorecer a disseminação do conhecimento a toda equipe de enfermagem.O regimento interno da comissão de curativos define como sua finalidade o desenvolvimento de ações de educação continuada aos colaboradores da instituição, proporcionando uniformização dos conhecimentos referentes à assistência ao paciente no que diz respeito à prevenção e ao tratamento de feridas, além de estimular o desenvolvimento técnico-científico dos profissionais de enfermagem envolvidos na assistência aos pacientes e familiares e, servir de referência para estudos e análises sobre prevenção e tratamento de lesões de pele.Com foco na assistência e visando à redução de custos, atua juntamente com as equipes médica e de enfermagem a fim de estabelecer conduta para o tratamento tópico de lesões de pele, visando ao seguimento padronizado, organizado e individualizado a cada cliente e, deste modo, proporciona tranqüilidade e favorece o conhecimento científico para toda equipe multidisciplinar acerca das coberturas tópicas padronizadas na instituição com foco no restabelecimento da pessoa assistida.A comissão de curativos posiciona-se no organograma institucional subordinada à gerência de enfermagem e tem como coordenador um enfermeiro especialista em dermatologia que atua diretamente com a comissão. É composta por enfermeiros e técnicos de enfermagem das diversas unidades de internação, que realizam a avaliação e seguimento do tratamento dos pacientes com lesões de pele internados no hospital e a nível ambulatorial. Conta ainda com a parceria dos serviços de nutrição, cirurgia plástica e vascular, serviço social, fisioterapia, auditoria, farmácia e controle de infecção hospitalar. Atua desde 2005, com protocolos institucionais baseados em guidelines, que são condutas desenvolvidas a partir de consensos envolvendo experiências de especialistas conceituados, revisões literárias, pesquisas científicas com a uniformização das práticas e servindo como veículo de aprendizado e atualização do conhecimento, levando a maior confiabilidade nos procedimentos. Entre eles destacam-se os guidelines: European Pressure Ulcer Advisory Panel (EPUAP), Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ) e nas orientações do Institute for Healthcare Improvement na prevenção e no tratamento de lesões de pele.Estes protocolos visam à realização de práticas mais consistentes, eficazes e eficientes, possibilitando e estabelecendo a integração com as diversas equipes do hospital, incluindo a equipe de enfermagem neonatal.O atendimento é realizado conforme o fluxograma institucional para a solicitação das avaliações nas diversas unidades de internação. O médico, em parceria com o enfermeiro da unidade, realiza o pedido de interconsulta ou, o enfermeiro da unidade, entra em contato com o enfermeiro da comissão via ramal móvel e sinaliza o paciente para avaliação, informando-lhe seu histórico e lesão.Por conseguinte, é traçado plano assistencial juntamente com a equipe médica e de enfermagem setorial, focado na assistência da pessoa com lesão de pele e de sua família, objetivando estimular a parceria e participação desse provável cuidador. Neste caso específico foram os pais do RN.O atendimento e as devidas orientações são realizados pelo grupo, assim como os primeiros procedimentos (avaliação, prescrição de conduta instituída, periodicidade de troca das coberturas, horários, técnica para realização dos curativos e evolução de enfermagem). Depois de estabelecidas parcerias interdisciplinares e a equipe do setor apresentar-se capacitada, o tratamento tópico proposto é multiplicado para todos os profissionais que prestarão cuidados ao paciente. O enfermeiro da unidade, responsável durante seu plantão, informa à comissão acerca de intercorrências e esta, acompanha a evolução da lesão até a possibilidade de prescrever alta definitiva ou com acompanhamentos ambulatoriais.Considerações finaisA eficácia das ações do enfermeiro que assiste à pessoa com feridas está ligada ao seu conhecimento, portanto, torna-se necessário a sua constante atualização das bases científicas dermatológicas, o que faz o diferencial na qualidade da assistência, além de propiciar parcerias e credibilidade profissional.Ressalta-se a importância da interação entre as equipes médica e de enfermagem e a colaboração por parte de todos os profissionais da equipe multidisciplinar, os quais respeitaram as condutas da comissão de curativo desde o princípio do tratamento. Salienta-se também a participação ativa dos pais do RN no acompanhamento diário dos curativos junto à enfermagem, o que foi fundamental para o desenvolvimento desse trabalho. Referências
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References
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