Resumo de Tese

Authors

  • Rosângela Higa Enfermeira Pós-graduanda em Estomaterapia. Doutora em Tocoginecologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/ UNICAMP). Enfermeira do Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti – CAISM/UNICAMP.
  • Maria Helena Baena de Moraes Lopes Enfermeira Pós-graduanda em Estomaterapia. Doutora em Ciências Biológicas. Professora Associada do Departamento de Enfermagem da FCM/UNICAMP.
  • Egberto Ribeiro Turato Médico Psiquiatra. Doutor em Saúde Mental. Professor Associado do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da FCM/UNICAMP.

Abstract

Significados psicossociais da perda urinária para mulheres de condições socioeconômicas menos favorecidas: um estudo clínico-qualitativo

O objetivo deste estudo foi aprofundar os conhecimentos sobre significados psicossociais da perda urinária atribuídos por mulheres incontinentes de condições socioeconômicas desfavorecidas. Utilizado o Método Clínico- Qualitativo com captação dos sujeitos pela técnica da bola-de-neve e fechamento do tamanho amostral pelo critério de saturação. A amostra foi composta por oito mulheres, entre 30 a 45 anos, com queixa de qualquer perda involuntária de urina e que nunca realizaram tratamento, faxineiras, que tinham em média cinco anos de escolaridade e renda familiar máxima de 4,5 salários mínimos. As entrevistas semidirigidas foram realizadas individualmente, gravadas e literalmente transcritas. A técnica de análise temática de conteúdo, com leituras flutuantes do corpus, e a análise dos dados baseada nos recursos psicossocias e psicodinâmicos possibilitaram a eleição de cinco categorias: (1) Um corpo que vaza; (2) Uma sexualidade interrompida; (3) Um assunto velado; (4) Uma vivência solitária e (5) O não dito é o “mal-dito”. A perda de urina sustentou nas mulheres sentimentos de impotência, com perda da normalidade de um corpo que envelhece prematuramente. As marcas na roupa e o odor de urina exalado causaram isolamento e denotaram um estigma social. A vivência de uma sexualidade interrompida pela perda urinária evidenciou o ato sexual como uma obrigação Resumo de Tese marital, e trouxe à tona significados que refletem valores sociais das questões de gênero. As mulheres tinham medo de serem criticadas, julgadas e mal interpretadas. Calavam-se, evitavam comentários e omitiam opiniões. Elas não conseguiam buscar ajuda e tinham uma vida solitária. Adaptavam estratégias comportamentais para mostrar continência e ser aceitas socialmente. O seu silêncio e a negação demonstraram ser mecanismos desenvolvidos para lidar com conflitos internos. Concluímos que os resultados deste estudo foram semelhantes ao de outras pesquisas com mulheres de faixa etária e grupos socioculturais distintos, demonstrando que as experiências e os significados da perda urinária são um fenômeno universal entre as mulheres. O silêncio evidenciou uma forma de expressão e um mecanismo de proteção. A perda urinária feminina significou impotência, isolamento e solidão, que interferiram na busca de tratamento.Descritores: Pesquisa qualitativa; Incontinência urinária; Saúde da mulher; Impacto psicossocial; Enfermagem.


Downloads

Download data is not yet available.

References

Sonobe HM, Barichello E, Zago MMF. A visão do colostomizado sobre o uso da bolsa de colostomia. Rev Bras Cancerol 2002;48(3):341-348.

Cascais AFMV, Martini JG, Almeida PJS. O impacto da ostomia no processo de viver humano. Texto & Contexto Enferm 2007;16(1):163-167.

Bellato R, Maruyama SAT, Silva CM, Castro P. A condição crônica ostomia e as repercussões que traz para a vida da pessoa e sua família. Cienc Cuid Saude 2007;6(1):40-50.

Barbutti RCS, Silva MCPS, Abreu MAL. Ostomia, uma difícil adaptação. Rev SBPH 2008;11(2): 27-39.

Santos VLCG, Sawaia BB. A bolsa na mediação “estar ostomizado” - “estar profissional”: análise de uma estratégia pedagógica. Rev Latino-am enfermagem 2000;8(3):40-50.

Trindade WR, Ferreira MA. Sexualidade feminina: questões do cotidiano das mulheres. Texto & Contexto Enferm 2008; 17(3):417-426.

Polit DF, Beck CT. Using research in evidence-based nursing practice. In: Polit DF, Beck CT, editors. Essentials of nursing research: methods, appraisal and utilization. Philadelphia (USA): Lippincott Williams & Wilkins; 2006. p. 457-494.

Michelone APC, Santos VLCG. Qualidade de vida de adultos com câncer colorretal com e sem ostomia. Rev Latino-am enfermagem 2004;12(6):875-83.

Bechara RN, Bechara MS, Bechara CS, Queiroz HC, Oliveira RB, Mota RS, et al. Abordagem multidisciplinar do ostomizado. Rev Bras Colo- Proctol 2005;25(2):146-9.

Petuco VM, Martins CL. A experiência da pessoa estomizada com câncer: uma análise segundo o Modelo de Trajetória da Doença Crônica proposto por Morse e Johnson. Rev Bras Enferm 2006; 59(2):134-141.

Santos GS, Leal SMC, Vargas MA. Conhecendo as vivências de mulheres estomizadas: contribuições para o planejamento do cuidado de enfermagem. Online Braz J Nurs [periódico online]. 2006 [acessado em 30 mar 2010]; 5(1) Disponível em: http://www.uff.br/objnursing/index.php/ nursing/article/viewArticle/82/27

Barnabe NC, Dell’Acqua MCQ. Estratégias de enfrentamento (coping) de pessoas ostomizadas. Rev Latino-am enfermagem 2008;16(4):712-719.

Luz MHBA, Andrade DS, Amaral HO, Bezerra SMG, Benício CDAV, Leal ACA. Caracterização dos pacientes submetidos a estomas intestinais em um hospital público de Teresina-PI. Texto & Contexto Enferm 2009;18(1):140-146.

Silva AL, Shimizu HE. O significado da mudança no modo de vida da pessoa com estomia intestinal definitiva. Rev Latino-am enfermagem 2006;14(4):483-90.

Paula MAB, Takahashi RF, Paula PR. Os significados da sexualidade para a pessoa com estoma intestinal definitivo. Rev Bras Colo-Proctol 2009;29(1):77-82.

Santos VLCG. Representações do corpo e a ostomia. Estigma. In: Santos VLCG, Cesaretti IUR. Assistência em estomaterapia: cuidando do ostomizado. São Paulo (SP): Atheneu; 2000. p.89-102.

Brasil. Estimativa 2010. Incidência de câncer no Brasil. Ministério da Saúde; Instituto Nacional do Câncer. Disponível em: http://www.inca.gov.br/ estimativa/2010. (Acesso em 26/02/2010).

Paula MAB. Representações sociais sobre a sexualidade de pessoas estomizadas: conhecer para transformar. [tese]. São Paulo (SP): Escola de Enfermagem/USP; 2008. 138p. [citado em 12 mar 2010]. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7136/tde-25022008- 123614/es.php.

Linhares AA, Souza NVDO, Penna LHG, Martins VV. Autonomia e liberdade no autocuidado do cliente estomizado e educação em saúde: revisão de literatura. Rev Estima 2010;8(4):42-9.

Published

2011-03-01

How to Cite

1.
Higa R, Lopes MHB de M, Turato ER. Resumo de Tese. ESTIMA [Internet]. 2011 Mar. 1 [cited 2024 Nov. 21];9(1). Available from: https://www.revistaestima.com.br/estima/article/view/291

Issue

Section

Article

Most read articles by the same author(s)