Revisão
Abstract
Sexualidade, Estoma e Gênero: Revisão Integrativa da Literatura*Sexuality, Stoma, and Gender: an Integrative Review of Literature
Sexualidad, Estoma y Género: Revisión Integradora de la Literatura
ResumoA sexualidade é parte integrante do processo de viver do ser humano, porém, após a cirurgia para confecção de estoma, fazemse necessárias diversas adaptações no cotidiano da pessoa estomizada. Em se tratando da sexualidade de mulheres estomizadas, somam-se os aspectos relacionados ao gênero, que podem desencadear comportamentos de reclusão e abdicação do prazer. Este estudo objetivou descrever sobre a sexualidade de pessoas estomizadas a partir da identificação, caracterização e discussão da produção científica levantada acerca desse tema, com destaque à sexualidade feminina. Para tanto, realizou-se busca eletrônica de publicações científicas nas bases de dados da Biblioteca Virtual de Saúde utilizando como critérios: idioma português, período de 1999 a 2009 e temática voltada para a sexualidade de pessoas estomizadas. Usaram-se as seguintes palavras chaves: ostomizado, estoma e estomia. Mediante revisão integrativa da literatura nacional, analisaram-se nove publicações. Verificouse que, na maior parte dos estudos, a sexualidade foi abordada sob restrita ótica relacionada à atividade sexual. As produções não focaram as particularidades inseridas nos atributos de gênero associados à sexualidade. Pôde-se perceber uma dicotomia sobre as restrições relacionadas à vivência da sexualidade feminina e masculina. A análise das publicações que abordaram, mesmo que sumariamente, a sexualidade em mulheres estomizadas, possibilitou identificar a necessidade de pesquisas futuras direcionadas e aprofundadas nessa temática, assim como sobre as intervenções de enfermagem no processo de reabilitação da mulher estomizada em relação à sexualidade, incluindo aspectos reprodutivos.Descritores: Estomas cirúrgicos. Sexualidade. Gênero e Saúde.AbstractSexuality is an essential part of the human life. However, after ostomy, a number of adaptations in the daily routine of the ostomy patient must take place. With regard to the sexuality of women who underwent ostomy, there are additional issues related to their gender that can trigger behaviors, leading to reclusion and renouncement of sexual pleasure. The aim of this study was to report on the sexuality of ostomy patients based on the identification, characterization, and discussion of the literature on the subject, with special emphasis on female sexuality. An electronic search of the scientific literature in the Virtual Health Library was carried out using the following search criteria: studies published in Portuguese, between 1999 and 2009, about the sexuality of ostomy patients. The following keywords were used: ostomy patient (ostomizado), stoma (estoma) and ostomy (estomia). Nine studies were retrieved after an integrative review of the Brazilian literature. It was observed that, in most studies, sexuality was approached according to a limited perspective related to sexual activity. These studies did not address gender-related characteristics associated with sexuality. A dichotomy associated with different restrictions related to the female and male sexualities was observed. The analysis of the publications dealing, albeit briefly, with the sexuality of women who underwent ostomy allowed the identification of the need of future research specifically directed to the study of this subject, as well as on nursing interventions in the rehabilitation process of these women, considering their sexuality and including reproductive issues.Descriptors: Surgical Stomas. Sexuality. Gender and Health.ResúmenLa sexualidad es parte del proceso de vivir del ser humano; sin embargo, después de la ostomía son necesarias diversas adaptaciones en el quehacer cotidiano de la persona. Cuando se trata de las mujeres ostomizadas se añaden muchos aspectos relacionados con la categoría género, que podrían desencadenar comportamiento de reclusión y abdicación del placer. Este estudio tuvo como objetivo describir la sexualidad de personas ostomizadas a partir de la producción científica sobre este tema, con énfasis en la sexualidad femenina. Fue realizada una búsqueda electrónica de artículos científicos en Bases de Datos de la Biblioteca Virtual de Salud, utilizando como criterios: lengua portuguesa, período de 1999 a 2009, siendo el tema central la sexualidad de las personas ostomizadas. Fueron utilizadas las siguientes palabras claves: ostomizado, estoma y estomía. Mediante revisión integradora de la literatura nacional, fueron analizadas nueve publicaciones. Se constató que la sexualidad fue abordada, en la mayoría de los estudios, bajo restricta óptica relacionada con la actividad sexual. Las producciones no enfocaron particularidades consideradas como atributos de la categoría género asociados con la sexualidad. Es posible identificar una dicotomía sobre las restricciones relacionadas con la vivencia de la sexualidad femenina y masculina. El análisis de las publicaciones que abordaron sexualidad en mujeres ostomizadas, a pesar de ser resumidamente, posibilitó identificar la necesidad de futuras investigaciones que orienten y profundicen ese tema, y proponer intervenciones de enfermería relacionados con el proceso de rehabilitación en relación a la sexualidad femenina, incluyendo aspectos relacionados con la reproducción.Palabras clave: Estomas quirúrgicos. Sexualidad. Género y Salud.IntroduçãoAo longo da vida, o ser humano enfrenta diversos desequilíbrios no seu estado de saúde, podendo variar desde pequenas alterações até sérias complicações que demandam cuidados intensivos e tratamentos especializados.Algumas doenças do trato gastrointestinal culminam na necessidade da realização de uma cirurgia geradora de uma estomia (colostomia/ ileostomia), podendo ser de caráter temporário ou mesmo definitivo, produzindo assim, um trajeto de desvio das fezes1.A cirurgia de confecção de um estoma pode representar a chance de cura ou melhor sobrevida. Porém, a cirurgia acarreta também a necessidade de diversas adaptações no cotidiano, em decorrência de mudanças que envolvem os planos biológico, psicológico e social, sendo necessário um processo de adaptação à nova condição2.As dificuldades encontradas passam por alterações de auto-imagem, autocuidado, lazer, trabalho e auto-estima, manifestadas frente à necessidade de adaptações em relação a higiene, vestimenta, cuidados com a bolsa coletora, alimentação, eliminação de odores, convívio social, sexualidade , dentre outros, despertando sentimentos de frustração, medo, incapacidade e limitação em diversas situações 2-4.Sobre o corpo feminino, as interferências causadas pela confecção de um estoma podem ser mais complexas. Considerando-se o corpo, as produções e reproduções de seus conceitos, sua relação com a categoria analítica de gênero, constituída a partir da influencia cultural, social e histórica, é possível afirmar que as mulheres sempre tiveram uma maior valorização da aparência externa e de sua condição reprodutiva e sexual, ou seja, é pelo estado de conservação, integridade e beleza que seu corpo é avaliado e valorizado5. Assim, é possível pensar que a presença de um estoma em um corpo feminino, acarreta grandes repercussões sobre a vida da mulher. O corpo da mulher estomizada além de não ser mais íntegro também escapa dos padrões de beleza pré-concebidos e pode ser visto como assexuado e improdutivo, podendo trazer sérias limitações em sua vida, especialmente ao encontrarse em fase reprodutiva.A sexualidade como forma de expressão natural do indivíduo ainda é pouco valorizada na prática da assistência à saúde6. No que diz respeito ao individuo que apresenta uma morbidade indicativa da necessidade de um estoma, é comum os profissionais de saúde direcionarem a assistência a aspectos relacionados ao diagnóstico e tratamento biomédico, ou seja, voltada para a doença e sua cura. Os aspectos mais subjetivos que entrelaçam a vida humana são menos valorizados, dando a falsa impressão de que a sexualidade não faz parte da saúde humana. Dessa forma, freqüentemente o percurso pós-cirúrgico é iniciado sem preparação no que diz respeito às alterações da autopercepção, imagem corporal e sexualidade, seguindo assim por longos períodos e até mesmo pela vida toda. A inclusão dessa temática no processo de reabilitação da pessoa estomizada contribui para o enfrentamento da nova situação que refletirá na sua qualidade de vida, na qual se insere a importante dimensão da família.Frente à importância de se estudar a integralidade da saúde, com destaque à saúde da população feminina, em seus diversos segmentos assistenciais, destaca-se o propósito deste estudo qual seja o de relacionar temáticas transversais como a sexualidade e processos de morbidades envolvendo cirurgias, em particular na confecção de estomas.Este estudo objetivou descrever sobre a sexualidade de pessoas estomizadas a partir da identificação, caracterização e discussão da produção científica levantada acerca desse tema, com destaque à sexualidade feminina.Procedimentos metodológicosTrata-se de uma revisão integrativa da literatura sobre as relações das temáticas envolvendo sexualidade, estoma e gênero, a partir das Bases de Dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).A revisão integrativa da literatura é definida como uma revisão das pesquisas já realizadas e inclui a análise de pesquisas relevantes que dão suporte para a tomada de decisão e a melhoria da prática clínica, possibilitando a síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto, além de apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com a realização de novos estudos. Este método de pesquisa permite a síntese de múltiplos estudos publicados e possibilita conclusões gerais a respeito de uma particular área de estudo. É um método valioso para a enfermagem, uma vez que a maior parte das pessoas que atua nessa área dispõe de pouco tempo para realizar a leitura de todo o conhecimento científico disponível7.O estudo contou com alguns questionamentos que nortearam a busca bibliográfica: Quais as características das abordagens dos artigos sobre sexualidade das pessoas estomizadas? E, particularmente, das mulheres estomizadas? Existem produções científicas que abordam a saúde reprodutiva dessas mulheres estomizadas?A partir das questões norteadoras, iniciou-se a busca e seleção de produções bibliográficas que pudessem elucidar tais questionamentos. O período compreendido para o levantamento e seleção das publicações foi de 1999 a 2009, sendo utilizadas as seguintes palavras-chaves: ostomizado, estoma e estomia. No primeiro momento de busca, utilizouse a palavra sexualidade associada aos demais descritores, no entanto, ao inserir-la obtivemos um total de três publicações no formato de texto completo. Com o objetivo de ampliar a análise, optouse em estudar os artigos relacionados à temática de estoma e verificar como abordavam a sexualidade. Adotaram-se, ainda, como critérios de inclusão, serem publicações nacionais, com resumos e textos completos disponíveis nas Bases de Dados da Biblioteca Virtual de Saúde (no sítio www.bireme.br). Optou-se por publicações nacionais devido ao interesse dos autores em identificar a abordagem dos enfermeiros brasileiros sobre a questão da sexualidade de pessoas estomizadas, especialmente da mulher com estoma intestinal, pressupondo-se existirem questões sócio/culturais que influenciam o gênero. A escolha pelo trabalho completo deu-se devido ao entendimento de que muitos resumos não expressam o conteúdo exato dos trabalhos.Foram identificadas 60 publicações em português, utilizando-se a palavra-chave ostomizado. Ao serem analisadas, verificou-se que 23 encontravam-se repetidas em mais de uma base, restando apenas 37 produções, dentre as quais, 20 não disponibilizavam o texto completo. Portanto, a busca na BVS com a palavra ostomizado resultou em 17 artigos completos. Ao debruçar sobre tais produções completas, 12 artigos foram excluídos, uma vez que não atendiam os critérios de inclusão, obtendo-se cinco artigos completos nessa busca.Empregando-se a palavra-chave estoma, identificaram-se 85 publicações, das quais 20 encontravam-se repetidas nas diversas bases, restando 65. Dentre essas, apenas 30 publicações tinham o formato de texto completo, das quais 25 não abordavam nem mesmo citavam a temática da sexualidade. Dos artigos selecionados, dois eram iguais aos encontrados com descritor “ostomizado”, restando somente três artigos.Já com a palavra-chave estomia, foram identificadas 18 publicações em português, das quais cinco eram repetidas, restando 13 produções. Dentre essas, 8 tinham o texto completo disponível. Desse total de oito produções, verificou-se que quatro já tinham sido incluídas na relação de busca dos outros dois descritores (ostomizado e estoma), restando apenas quatro artigos. Na análise desses quatro artigos, apenas um artigo contemplou a abordagem da temática da sexualidade.Portanto, o levantamento de publicações que abordavam a temática da sexualidade e relacionavamse com os descritores (ostomizado; estoma; estomia), nas bases de dados virtuais da Biblioteca Virtual de Saúde, resultou em nove publicações, sendo sete (77,8%) extraídas da SCIELO e duas (22,2%) da LILACS.Após a fase descrita, procedeu-se à análise das publicações por meio de leitura na íntegra dos estudos selecionados, a fim de extrair informações relacionadas aos principais assuntos abordados, segundo os seus conteúdos, principalmente no que se refere à sexualidade da mulher estomizada.Resultados e DiscussãoA sexualidade foi abordada superficialmente na maior parte dos estudos, sendo associada a um dos desafios vivenciados pela pessoa estomizada. Surgiu, com maior freqüência, sob uma restrita ótica relacionada à atividade sexual que, por sua vez, mostra-se alterada por questões físicas e psicológicas, não abarcando a subjetividade humana inserida na sexualidade 8-13.O Quadro 1 apresenta os estudos que compuseram esta revisão. A expressão e vivência da sexualidade são aspectos freqüentemente alterados após a confecção do estoma intestinal. Algumas pessoas não retomam suas atividades sexuais ou retomam parcialmente ou ainda sentem-se pouco à vontade para a vivência da sexualidade, desencadeando isolamento, vergonha, desinteresse, dentre outros5,8-11,16.Verifica-se que há uma ruptura nos esquemas vigentes da vida em decorrência da realização da estomia, sendo necessária uma grande adaptação à nova condição. Dentre os aspectos alterados, destacam-se a mudança do próprio corpo e da visibilidade do atual local de excreção. A necessidade de uso do equipamento coletor reafirma constantemente essa nova condição e reflete na sexualidade, imagem corporal, auto-estima, identidade, com interferência na vida social, familiar e conjugal.Os motivos que levam ao desinteresse sexual são apresentados de forma diferenciada quanto ao gênero, como foi possível constatar em um dos estudos. No depoimento feminino, o desinteresse sexual decorre de fatores psico-emocionais, com estreita relação entre o uso do equipamento coletor e a imagem corporal (estética), interferindo conseqüentemente, na auto-estima feminina10. Já em relação à sexualidade masculina, as restrições decorrem da mutilação anatômica e funcional dos órgãos sexuais, resultantes das extensas ressecções envolvendo músculos e nervos, gerando disfunção erétil, dor, perda da libido, dentre outros10.A alteração da imagem corporal foi reconhecida como um importante limitador na qualidade de vida6. As repercussões da estomia e do equipamento coletor sobre a imagem corporal refletiram na sexualidade, desencadeando reações emocionais como a não aceitação da condição vivenciada, além de dificultarem a re-inserção social em função do medo de ser estigmatizado5,10-11,14-15.

Downloads
References
Sonobe HM, Barichello E, Zago MMF. A visão do colostomizado sobre o uso da bolsa de colostomia. Rev Bras Cancerol 2002;48(3):341-348.
Cascais AFMV, Martini JG, Almeida PJS. O impacto da ostomia no processo de viver humano. Texto & Contexto Enferm 2007;16(1):163-167.
Bellato R, Maruyama SAT, Silva CM, Castro P. A condição crônica ostomia e as repercussões que traz para a vida da pessoa e sua família. Cienc Cuid Saude 2007;6(1):40-50.
Barbutti RCS, Silva MCPS, Abreu MAL. Ostomia, uma difícil adaptação. Rev SBPH 2008;11(2): 27-39.
Santos VLCG, Sawaia BB. A bolsa na mediação “estar ostomizado” - “estar profissional”: análise de uma estratégia pedagógica. Rev Latino-am enfermagem 2000;8(3):40-50.
Trindade WR, Ferreira MA. Sexualidade feminina: questões do cotidiano das mulheres. Texto & Contexto Enferm 2008; 17(3):417-426.
Polit DF, Beck CT. Using research in evidence-based nursing practice. In: Polit DF, Beck CT, editors. Essentials of nursing research: methods, appraisal and utilization. Philadelphia (USA): Lippincott Williams & Wilkins; 2006. p. 457-494.
Michelone APC, Santos VLCG. Qualidade de vida de adultos com câncer colorretal com e sem ostomia. Rev Latino-am enfermagem 2004;12(6):875-83.
Bechara RN, Bechara MS, Bechara CS, Queiroz HC, Oliveira RB, Mota RS, et al. Abordagem multidisciplinar do ostomizado. Rev Bras Colo- Proctol 2005;25(2):146-9.
Petuco VM, Martins CL. A experiência da pessoa estomizada com câncer: uma análise segundo o Modelo de Trajetória da Doença Crônica proposto por Morse e Johnson. Rev Bras Enferm 2006; 59(2):134-141.
Santos GS, Leal SMC, Vargas MA. Conhecendo as vivências de mulheres estomizadas: contribuições para o planejamento do cuidado de enfermagem. Online Braz J Nurs [periódico online]. 2006 [acessado em 30 mar 2010]; 5(1) Disponível em: http://www.uff.br/objnursing/index.php/ nursing/article/viewArticle/82/27
Barnabe NC, Dell’Acqua MCQ. Estratégias de enfrentamento (coping) de pessoas ostomizadas. Rev Latino-am enfermagem 2008;16(4):712-719.
Luz MHBA, Andrade DS, Amaral HO, Bezerra SMG, Benício CDAV, Leal ACA. Caracterização dos pacientes submetidos a estomas intestinais em um hospital público de Teresina-PI. Texto & Contexto Enferm 2009;18(1):140-146.
Silva AL, Shimizu HE. O significado da mudança no modo de vida da pessoa com estomia intestinal definitiva. Rev Latino-am enfermagem 2006;14(4):483-90.
Paula MAB, Takahashi RF, Paula PR. Os significados da sexualidade para a pessoa com estoma intestinal definitivo. Rev Bras Colo-Proctol 2009;29(1):77-82.
Santos VLCG. Representações do corpo e a ostomia. Estigma. In: Santos VLCG, Cesaretti IUR. Assistência em estomaterapia: cuidando do ostomizado. São Paulo (SP): Atheneu; 2000. p.89-102.
Brasil. Estimativa 2010. Incidência de câncer no Brasil. Ministério da Saúde; Instituto Nacional do Câncer. Disponível em: http://www.inca.gov.br/ estimativa/2010. (Acesso em 26/02/2010).
Paula MAB. Representações sociais sobre a sexualidade de pessoas estomizadas: conhecer para transformar. [tese]. São Paulo (SP): Escola de Enfermagem/USP; 2008. 138p. [citado em 12 mar 2010]. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7136/tde-25022008- 123614/es.php.
Linhares AA, Souza NVDO, Penna LHG, Martins VV. Autonomia e liberdade no autocuidado do cliente estomizado e educação em saúde: revisão de literatura. Rev Estima 2010;8(4):42-9.