Prevalência de Úlcera por Pressão em um Hospital de Emergência e Características dos Pacientes
DOI:
https://doi.org/10.5327/Z1806-3144201600020008Abstract
A úlcera por pressão (UP) representa um grande desafio para a saúde mundial e, em função do grande impacto que ocasiona nos custos de tratamento e na vida dos indivíduos, tem surgido um grande interesse em estudos que avaliem a sua ocorrência e a assistência prestada. Os objetivos do estudo foram: identificar os índices de prevalência pontual da UP em um hospital universitário de emergência e nos diferentes setores; caracterizar as UPs, considerando a classificação em categorias e a localização; investigar a associação entre a presença de UP e as variáveis demográficas e clínicas; descrever o processo de cuidar na instituição, levando em conta o registro nos prontuários sobre avaliação de risco dos pacientes e a inspeção da pele na admissão e identificar as superfícies de suporte utilizadas. Tratou-se de um estudo transversal, descritivo, analítico e quantitativo, aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa. A coleta de dados foi conduzida durante um único dia, em toda a instituição, nos setores de cuidado incluindo pacientes adultos e idosos, com exceção da Psiquiatria e dos Queimados, totalizando 87 pacientes. A investigação sobre a associação da ocorrência de UP com as variáveis demográficas e clínicas utilizou os testes do Qui-Quadrado, exato de Fisher e U de Mann-Whitney e adotou como nível de significância α=0,05. A maior parte (56,31%) dos pacientes tinha menos de 60 anos (média=54,01, DP=19,14); era do sexo masculino (54,02%) e tinha pele branca (77,01%). O número de diagnósticos médicos variou de um a dez (mediana=2, média=2,34) e o número de medicamentos prescritos foi de 2 a 22 (média=10,86, DP=4,28). O escore total na Escala de Braden obteve média de 15,57 (DP=4,91) e mediana de 15. Somente 30 (34,48%) participantes não estavam em risco para desenvolver UP. Trinta e quatro pacientes tiveram 84 úlceras. O número de UP por sujeito variou de um a nove (média=5, DP=2,22). A prevalência pontual de UP na instituição foi de 40% e nos setores variou entre 0 e 75%. A maior prevalência pontual foi em pacientes do Centro de Terapia Intensiva, seguida dos setores Semi-intensivos e Enfermarias. A maioria das UPs ocorria na categoria/estágio II (42,86%), localizadas nas regiões dos calcâneos (28,57%) e sacral (22,61%). Não houve associação entre a ocorrência de UP e a cor da pele, a idade e a quantidade de diagnósticos. A presença de UP estava associada à maior quantidade de medicamentos prescritos, tempo mais longo de internação antes da data da pesquisa e menores escores na Escala de Braden e em suas subescalas. Em 4,6% dos prontuários dos pacientes havia registro da avaliação de risco para UP na admissão. Em 70% de tais documentos, não foi encontrado dados sobre as condições de integridade da pele. Em alguns setores havia camas especiais com colchões destinados à prevenção e ao tratamento de UP. Concluiu-se que é necessária a adoção da cultura de segurança do paciente na instituição, de forma ampla, para contribuir com a qualidade da assistência prestada. O estudo é inédito no Brasil por investigar a prevalência, os fatores de risco para UP e os aspectos do processo de cuidar em um hospital universitário de urgência.