Artigo Original 1
Abstract
Uso da papaína: conhecimento de enfermeiros em um hospital da cidade de São Paulo
El objetivo de este estudio fue verificar si existe consenso entre los enfermeros sobre el uso de la papaína en el tratamiento tópico
de las heridas. Es un estudio descriptivo, con abordaje cuantitativo. Hicieron parte de la muestra veinte enfermeros que
trabajaban en las unidades de Clínica Médica, Quirúrgica, Cuidados Intensivos y Emergencias de un hospital filantrópico de
alta complejidad en la ciudad de Sao Paulo. Fue verificado que todos los enfermeros utilizan la papaína en la limpieza de la
herida; 19 (95%) lo usan en otras etapas del tratamiento; 12 (60%) respondieron que su principal función es acelerar el
desbridamiento; 13 (65%) usaron el producto inmediatamente después de la dilución; 14 (70%) la almacenaban en la nevera
después de diluida; 15 (75%) indicaron la concentración de 4 al 10% para el desbridamiento del tejido necrótico. El estudio
muestra que aun existe consenso entre los enfermeros participantes de la investigación cuanto a la utilización de la papaína para
el tratamiento de heridas, a pesar que no haya un conocimiento homogéneo principalmente cuanto a las situaciones para utilizar
la papaína y el tiempo de duración de la solución después de la dilución. Los enfermeros y el equipo tienen un rol importante en
la prevención y tratamiento de las heridas y, por lo tanto, son necesarios conocimientos y habilidades específicas no solamente
para la ejecución de los procedimientos sino también para el uso de los productos permitiendo un cuidado efectivo y seguro.
Palabras-clave: Papaína. Enfermería. Conocimiento.IntroduçãoFerida pode ser definida como qualquer lesão que leva à solução de continuidade da pele. O tratamento da ferida é uma expectativa do paciente e um desafio para a equipe de enfermagem. Para o tratamento, é preciso considerar vários fatores, tais como o estado nutricional do paciente, a idade, a patologia de base, o uso de medicamentos, entre outros1.A preocupação com o tratamento de feridas é antiga, o que tem impulsionado o avanço tecnológico, e contribuído para o desenvolvimento científico de enfermeiros que se dedicam a esse cuidado2.Inúmeros produtos estão disponíveis no mercado para o tratamento de feridas. Cabe ao enfermeiro, especialista ou não especialista, escolher aquele que tenha o maior efeito terapêutico e menor custo para o paciente. Dentre as terapias tópicas para o tratamento de feridas, a papaína vem sendo muito utilizada, tanto na rede hospitalar, quanto na atenção primária, em razão do baixo custo, fácil aplicabilidade e por ser um produto eficaz para o tratamento de diversos tipos de feridas3.A papaína é uma enzima proteolítica (papaína quimiopapaínas A e B, papaya peptidase) que promove o desbridamento enzimático, por fazer proteólise, proporcionar rápida remoção não traumática do material proteico não desejável nas lesões, sem, contudo, oferecer riscos para o paciente 4-5. Com a utilização da papaína, há um alinhamento das fibras que compõem o colágeno, favorecendo crescimento tecidual uniforme e cicatrização mais plana 5. .A papaína pode ser obtida, também, diretamente da polpa do mamão papaya verde 6 Essa enzima é obtida do mamoeiro Carica Papaya e tem ação bacteriostática, bactericida e antiinflamatória, promove o crescimento tecidual, aumenta a força tênsil da cicatriz e diminui a formação de quelóide6.No entanto, há vários anos tem sido comercializada na forma de líquido, gel ou pó industrializado para facilitar o uso. Em pó varia do branco ao bege amarelado, com odor característico, solúvel em água e glicerol e praticamente insolúvel em álcool e éter. É inativada ao reagir com agentes oxidantes, tais como ferro, oxigênio, água oxigenada, mercúrio etc 6-8 e pode ser utilizada em infecção de vísceras, por reduzir o exsudato, contribuindo assim para a cicatrização 9.Por se tratar de enzima de fácil deterioração, deve ser mantida em lugar fresco, seco e protegida da luz. A papaína é indicada como terapêutica alternativa no tratamento de lesões com processo inflamatório. Se houver necessidade de antibiótico local, a lesão deve ser tratada previamente com essa enzima, pois a resposta inflamatória e um controle bacteriano mostram que a hidrólise enzimática dos coágulos da ferida aumenta a ação do antibiótico 7 .A papaína pode ser utilizada também nas lesões provocadas pela Síndrome de Fournier, por facilitar a cicatrização da ferida, acelerar a recuperação, reduzindo assim a necessidade de múltiplos desbridamentos cirúrgicos. É também de grande auxílio no tratamento de úlceras na região plantar de pacientes com hanseníase 10-11.A papaína pode ser seguramente aplicada sobre a pele, sem danificá-la, devido a uma antiprotease plasmática a alfa 1, antitripsina que impede a ação da enzima no tecido saudável 4.Dentre as funções assistenciais do enfermeiro, destacam-se a prevenção e o tratamento de feridas. Para isso, são necessários conhecimento e habilidade para a realização do cuidado de forma eficiente e segura. Em minha vivência enquanto profissional de enfermagem percebo divergências na equipe de enfermagem, quanto à indicação e utilização da papaína para o tratamento de feridas. No cuidado do paciente muitas vezes foi observado que a papaína não estava sendo utilizada nas concentrações adequadas ao tipo de lesão. Sabe- se que o enfermeiro desempenha papel fundamental tanto na avaliação da ferida, quanto no acompanhamento e tratamento da pessoa com lesão. Assim, este estudo pretendeu verificar se existia consenso entre os enfermeiros quanto à utilização da papaína no tratamento de feridas.MétodoTrata-se de um estudo, descritivo, com abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada em um hospital filantrópico de alta complexidade da cidade de São Paulo. Este hospital dispõe de 725 leitos, oferece atendimento à população do Sistema Único de Saúde (SUS) em todas as especialidades e é referência em doação de órgãos e centro de pesquisa e ensino.A população foi constituída por 20 enfermeiros que atuavam no tratamento de feridas, nas unidades de Clínica médica, Clínica cirúrgica, Unidade de Terapia Intensiva e Pronto Socorro.O projeto de pesquisa foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP- 0060.0.270.000-08/2008) da instituição. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário dividido em duas partes. A primeira com os dados sociodemográficos dos participantes e a segunda parte com questões sobre a utilização da papaína. Foi composto por 09 questões abertas e fechadas, após aceite e autorização dos participantes por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme preconiza a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.Resultados e DiscussãoObserva-se na Tabela 1 que 40% ( 8) dos enfermeiros tinham idade entre 23 e 28 anos, com maioria do sexo feminino 70% (14) e 60% (12) com tempo de formação entre 1 e 5 anos, mostrando que este grupo ingressante na enfermagem se constituía na maioria de profissionais jovens, o que vem de encontro com as características da profissão apontadas por diversos autores 12-15.Em relação à realização de cursos de pósgraduação, verificou-se que 85% (17) dos enfermeiros já realizaram esse tipo de curso. Isso demonstra que os enfermeiros estão cada vez mais preocupados com seu desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional, apesar de se tratar de uma população jovem e com pouco tempo de graduados, buscando assim, aprimorar o conhecimento para realizar o cuidar em enfermagem. Acredita-se também que, atualmente, o mercado de trabalho, cada vez mais, exige profissionais altamente capacitados, e fazer pósgraduação significa ter um diferencial para alcançar este objetivo.
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