Artigo Original 1
Abstract
Avaliação da Capacidade Funcional e Risco para Úlcera por Pressão em Pacientes com Fratura de Quadril
Resumen Este estudio fue realizado para evaluar el uso de la Escala de Katz, que identifica el nivel de independencia de los pacientes con fractura de cadera y la hipótesis de que los pacientes con menor capacidad funcional sufren con mayor frecuencia de úlcera por presión (UP) y menores puntuaciones en la Escala de Braden. Se trata de un estudio descriptivo, realizado durante tres meses con 30 pacientes hospitalizados con fractura de cadera. Estos fueron avaluados desde el ingreso hasta el alta y fueron evaluados su capacidad funcional a través de la Escala de Katz y el riesgo de UP a través de la Escala de Braden. En la admisión y en la segunda evaluación, el 50% (15) de los pacientes eran totalmente dependientes para la realización de todas las Actividades de la Vida Diaria (AVD). El dia del alta, el 40% (12) de los pacientes seguían dependiendo de AVC. Los pacientes ancianos presentaron mayor dependencia y menor puntuación en la escala de Braden, pero no presentaron mayor número de UP al ser comparados con los pacientes menores de 60 años. Se concluye que el instrumento de Katz puede ser utilizado para identificar la dependencia del paciente para el autocuidado y la atención de los aspectos que pueden interferir en la prevención de la UP.Descriptores: Úlcera por Presión. Fracturas de cadera. Actividades cotidianas. IntroduçãoA fratura de quadril é uma das causas de incapacidade e mortalidade em idosos e a frequência deste evento tem aumentado anualmente em várias áreas do mundo, acompanhando o envelhecimento populacional1. Tal fato é preocupante porque a fratura de quadril determina o prejuízo na mobilidade do paciente. Assim, quanto maior o tempo em que permanece acamado, ou seja, sem realizar suas atividades cotidianas, maiores são as chances de complicações, como por exemplo, a úlcera por pressão (UP) cujo principal fator de risco se constitui no excesso de pressão exercida sobre os tecidos nas áreas de proeminências ósseas2. Além disso, tais pacientes podem ter seu quadro clínico mais comprometido devido a fatores como umidade da pele, em decorrência das incontinências urinária e anal e ingestão alimentar insuficiente, e também por fricção e cisalhamento da região em contato com o leito3. É Importante ressaltar que todos esses fatores estão associados ao desenvolvimento e manutenção ou agravamento da UP, uma vez instalada 4.Cerca de metade dos pacientes que apresentou fratura de quadril, até um ano após o evento, pode tornar-se totalmente dependente para realizar as atividades básicas de vida diária. Cerca de 25 a 35% daqueles que conseguem retornar ao domicílio precisam de cuidadores ou de algum dispositivo para auxiliar na locomoção5. Quanto ao potencial de reabilitação, estima-se que, no máximo, 25% dos pacientes alcançam recuperação integral, sendo que os demais podem apresentar limitações que se caracterizam por dor persistente, dificuldade para deambulação, alteração do equilíbrio e dificuldade para subir escadas 6.A avaliação funcional consiste na mensuração da capacidade dos indivíduos em desempenhar determinadas atividades ou funções, utilizando habilidades diversas. Permite verificar a necessidade ou não da pessoa ter ajuda parcial, em maior ou menor grau, ou total para cuidar de si e de seu ambiente.A capacidade funcional para o desenvolvimento das Atividades de Vida Diária (AVD) tem sido avaliada por meio do Índice de Independência nas AVD – Escala de Katz7. Tratase de um instrumento que avalia a autonomia dos indivíduos nas AVD, considerando os aspectos de seis funções: banhar-se, vestir-se, ir ao banheiro, transferir, continência e alimentar-se. A adaptação cultural para o português e validação foi realizada por Lino et al8. Ressalta-se que a Escala de Katz consiste no segundo instrumento mais utilizado em estudos internacionais para a avaliação funcional 9.Por outro lado, para a avaliação do risco de desenvolvimento de UP, destaca-se a Escala de Braden, que possui algumas de suas sub-escalas coincidentes com algumas funções contidas na Escala de Katz. Essa foi a primeira escala de risco para UP validada no Brasil10, sendo composta de seis sub-escalas: percepção sensorial (capacidade de reagir significativamente à pressão relacionada ao desconforto), umidade (grau de umidade a que a pele está exposta), atividade (frequência dos movimentos fora do leito) e mobilidade (habilidade para aliviar a pressão, por meio dos movimentos do paciente no próprio leito), nutrição (padrão usual de consumo alimentar) e fricção e cisalhamento (habilidade do paciente em se movimentar ou ser auxiliado nas movimentações, deixando a pele livre do contato com a superfície da cama ou da cadeira durante as movimentações) 10-12.Assim, constatando-se a necessidade de se disponibilizarem instrumentos e modelos que possam auxiliar no gerenciamento do cuidado a pacientes com fratura de quadril, na prática clínica de enfermagem, os objetivos deste estudo foram: avaliar o uso da Escala de Katz para identificar o nível de independência de pacientes com fratura de quadril, o uso da Escala de Braden para identificar o risco de desenvolvimento de UP nesses pacientes e verificar se pacientes com menor capacidade funcional têm maior frequência de UP e menores escores na Escala de Braden.MétodosEstudo descritivo com delineamento longitudinal e prospectivo, com abordagem quantitativa. A coleta de dados ocorreu em um hospital universitário de nível terciário, no interior do estado de São Paulo, no período de março a julho de 2007.A amostra foi composta de pacientes adultos ou idosos com diagnóstico de fratura de fêmur ou quadril, internados em unidades ortopédicas da instituição hospitalar eleita para o estudo, incluindo unidade de emergência. Foram incluídos os sujeitos que aceitaram participar do estudo e que foram avaliados até o período máximo de 48 horas após a admissão.Para a coleta de dados, utilizou-se um instrumento semi-estruturado, o qual foi previamente submetido à avaliação aparente e de conteúdo por profissionais que trabalhavam na área e testados durante o estudo piloto. As fontes para a coleta de dados foram primárias (próprio paciente e equipe de saúde) e secundárias (prontuário do paciente). Os dados foram coletados em três diferentes momentos, a saber: até 48 horas após a admissão; no 1º dia Pós-Operatório (1ºDPO) ou 5º dia de internação (5ºDI) e semanalmente, até o dia da alta, por serem estes os momentos mais críticos na avaliação do paciente com fratura de quadril 4.Por meio da entrevista, foram coletados dados referentes a idade, sexo, profissão, comorbidades na admissão e local da fratura. Por meio da observação e inspeção, foram coletados os dados referentes às escalas de Braden e de Katz. Para a Escala de Katz, adotou-se a seguinte interpretação dos escores: escore zero significa: independente em todas as seis funções; escore 1: independente em cinco funções e dependente em uma função; escore 2: independente em quatro funções e dependente em duas; escore 3: independente em três funções e dependente em três; escore 4: independente em duas funções e dependente em quatro; escore 5: independente em uma função e dependente em cinco funções; e escore 6: dependente em todas as seis funções7.Quanto ao risco de desenvolvimento de UP, por meio da escala de Braden, os escores são assim categorizados:- situação de risco: escores de 15 a 18;- risco moderado: escores de 13 a 14:;- alto risco: escores de 10 a 12; e- risco muito alto: escores = 9.Esses níveis de risco também podem ser úteis na determinação da agressividade das medidas de prevenção 12. Importante ressaltar que o projeto de pesquisa foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição hospitalar, sob o número de protocolo nº 983/2007, e os pacientes que concordaram em participar ou seus responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A análise dos dados foi realizada por meio de estatística descritiva, utilizando medidas de prevenção 12.Importante ressaltar que o projeto de pesquisa foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição hospitalar, sob o número de protocolo nº 983/2007, e os pacientes que concordaram em participar ou seus responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.A análise dos dados foi realizada por meio de estatística descritiva, utilizando medidas de freqüência absoluta e relativa (em percentual). Posteriormente, procedeu-se à comparação dos dados com as informações preconizadas pela literatura científica relacionada à temática. Após a codificação e elaboração de um dicionário de dados (codebook), as informações foram validadas por meio de dupla digitação em planilhas do aplicativo Microsoft Excel.ResultadosOs 30 pacientes que compuseram a amostra eram predominantemente do sexo feminino (16/ 53,3%), brancos (23/ 76,7%), com idade superior a 60 anos de idade (17/ 56,7%), alfabetizados (18/ 60%) e aposentados (10/ 33,3%). O local anatômico mais comum da fratura foi o colo do fêmur (12/ 40%). As comorbidades mais frequentes estavam relacionadas ao sistema cardiocirculatório (16/ 53,3%).O tempo médio de internação foi de 14,20 dias (DP =15,66), com variação de 3 a 62 dias, sendo que 20 (66,7%) pacientes permaneceram internadas por seis ou mais dias.Quanto à avaliação do nível de dependência funcional, no momento da admissão e na segunda avaliação (Tabela 1), 15 (50%) pacientes eram totalmente dependentes para a realização de todas as AVD mensuradas pela Escala de Katz, 7 (23,3%) eram dependentes para cinco tipos de AVD, incluindo atividades de higiene e transferência ou movimentação, e 8 (26,7%) eram dependentes para quatro tipos de AVD. Já na data da alta, 12 (40%) pacientes continuavam dependentes para todas as atividades e 13 (43%) para quatro tipos de AVD. Ao serem considerados dependentes para todas as AVD, ou seja, de auto-cuidado, no primeiro e segundo momentos de avaliação, os 15 (50%) pacientes apresentavam, portanto, dificuldades de realizar a prevenção de UP.
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