Artigo Original 2 - Utilização das Escalas de Avaliação de Risco para Úlcera por Pressão em Unidades de Terapia Intensiva de São Paulo
Abstract
RESUMO
As úlceras por pressão são importantes desafi os para a Enfermagem, uma vez que requerem dos profi ssionais, além
de conhecimentos específi cos, sensibilidade e sentido de observação em relação à manutenção da integridade da
pele das pessoas sob seus cuidados, especialmente daquelas que permanecem por um longo período no leito ou em
cadeira de rodas. O objetivo deste estudo foi descobrir se havia o uso das escalas de prevenção de risco para úlcera
por pressão nas Unidades de Terapia Intensiva de hospitais do município de São Paulo e quais seriam os tipos de escalas
utilizados. Foi um estudo descritivo, exploratório, com abordagem quantitativa, aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade de Taubaté (nº 166/12). A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário composto
por dez questões abertas e uma fechada, respondido por 169 enfermeiros atuantes nas Unidades de Terapia
Intensiva de 39 hospitais das redes pública e privada e organizações sociais de saúde. Encontrou-se o uso das escalas
de prevenção de risco para úlcera por pressão em 33 (89%) das instituições pesquisadas, sendo a Escala de Braden a
mais utilizada (33/100%). Em seis (21%) locais, realizava-se capacitação dos enfermeiros para uso das escalas, e todos
participantes relataram realizar algum tipo de intervenção no cuidado do indivíduo sob risco de desenvolver úlcera
por pressão, dentre os quais se destacou a mudança de decúbito, a hidratação corporal, a nutrição, o uso de coxins
e a proteção de proeminências ósseas.
DESCRITORES: Ulcera por pressão. Prevenção. Enfermagem.
INTRODUÇÃO
A qualidade da assistência à saúde éum assunto comumente
abordado nas instituições de saúde, seja no âmbito
nacional ou no internacional, em razão dos avanços tecnológicos
nos diagnósticos, na prevenção e no tratamento das
mais diversasdoenças; do aumento da demanda por cuidados
que favoreçam o acesso dos indivíduos aos benefícios
disponíveis; do incremento de processos judiciais por erros
de diagnósticos e terapêuticos; da pressão dos pro ssionais
que desejam melhores condições de trabalho ao exercício
pro ssional ético; dos sistemas de saúde que são nanciados
pelos governos, gerando cobranças e metas e, nalmente, da
longevidade da população que, em contrapartida, aumenta
a incidência de doenças em condições crônicas, dentre as
quais estão as úlceras por pressão (UP)1,2.
A National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP)3,
organização norte-americana que reúne seus membros periodicamente
para sistematizar, levantar dados estatísticos e
estabelecer diretrizes para a prevenção e o tratamento especí
co, de ne a UP como uma lesãolocalizadana pelee/ou
notecido subjacente,geralmente sobre uma proeminência
óssea,como resultado dapressão,ou em combinação
comcisalhamento.
As escalas para avaliação de risco mais conhecidas e com
valor preditivo testado são: Norton (ENT), Gosnell(EG),
Waterlow(EW) e Braden(EB). A EB tem origem americana,
criada em 1987, passando por validação e adaptação à
língua portuguesa e também à população pediátrica na versão
Braden Q (EBQ), além de ser a mais utilizada e extensivamente
testada até o momento, inclusive no Brasil, pois
é a melhor de nida operacionalmente e tem demonstrado
maior sensibilidade e especi cidade do que as outras escalas.
Pormeio dela são avaliados seis fatores de risco (subescalas)
da pessoa em risco de desenvolver a UP4.
Veri car a utilização das escalas de predição para UP é
importante a m de se conhecer e direcionar esforços para
intervir efetivamente nesta situação, que é considerada um
importante agravo no estado de saúde e que atinge pro ssionais
e instituições de saúde, bem como o paciente e seus familiares.
Além disso, a aplicação das escalas de avaliação de risco
para UP demonstra preocupação e prioridade atribuída
pelos pro ssionais e instituições de saúde, visando à melhor
qualidade da assistência e minimizando o aparecimento de
agravos (UP) que podem ser evitáveis.
OBJETIVOS
Veri car a utilização de escalas de avaliação de risco para UP
em hospitaisdo município de São Paulo; conhecer os tipos de
escalas utilizadas pelos enfermeiros e identi car as condutas e os
protocolos de atenção à pessoa sob o risco de desenvolver UP.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo descritivo e exploratório com abordagem
quantitativa, desenvolvido no município de São Paulo, em 39instituições
hospitalares, sendo 17 hospitais públicos, 14 particulares
e 8 Organizações Sociais de Saúde (OSS). AUnidade de Terapia
Intensiva (UTI) foi o setor selecionado, tanto as direcionadas ao
atendimento adulto quanto ao pediátrico, já que é onde estão os
pacientes em estado crítico, com alto grau de dependência, portanto
mais expostos ao desenvolvimento de UP.
Participaram do estudo 169 enfermeiros atuantes nas
UTIs dos hospitais participantes, os quais, depois de esclarecidos
sobre o objetivo do estudo, aceitaram contribuir com
o desenvolvimento da investigação. Os dados foram coletados
por meio de um questionário elaborado pelos autores,
incluindo dez questões fechadas e uma aberta, divididas
em duas partes, a saber: primeira referente às características
sociodemográ cas e pro ssionais e a segunda com questões
especí cas sobre a temática do estudo.
O projeto de pesquisa foi submetido à aprovação
do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da
Universidade de Taubaté (UNITAU), número 166/12,
conforme preconiza a Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde. Os dados foram coletados entre setembro
e dezembro de 2012, após a autorização da Instituição
e aceite do participante.
As informações obtidas foram tabuladas e apresentadas
em números absolutos e percentuais em forma de tabelas,
e discutidas à luz da literatura sobre a temática abordada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No que tange as características sociodemográ cas relacionadas
ao gênero dos participantes (Tabela 1),do total de
169 (100%) pro ssionais enfermeiros, houve prevalência da
força do trabalho feminino em todos os tipos de hospitais,
com 121 (71%) mulheres e 48 (39%) homens.
Em relação à faixa etária predominante, veri cou-se
que os enfermeiros que atuavam em UTI e que participaram
deste estudo, em sua maioria (66/39%), apresentavam
idade entre 25 e 35 anos, seguidos daqueles entre 36 e
45anos (58/35%).
Dos 39 (100%) hospitais estudados, 17 (43%) eram
públicos, o que justi ca o número considerável de participantes
na faixa etária dos 36 aos 45 anos, visto que grande
parte do funcionalismo público costuma ser mais velho
devido às vantagens de ingresso em concursos, bem como
a estabilidade inerente à legislação trabalhista.
Na Tabela 2 pode-se observar que, dos 169 enfermeiros
participantes, 41 (24%) eram supervisores e 128 (76%), assistenciais.
No serviço público, foram incluídos neste estudo
apenas os supervisores (17/100%), e os enfermeiros assistenciais
foram maioria nos hospitais privados (108/63%) e OSS
(20/100%). Isso ocorreu, principalmente, pela di culdade de
acesso,aos participantes, encontrada para a coleta de dados,
em cada uma das instituições.
Quanto ao tipo de UTI, evidencia-se, também na
Tabela2, que 158 (94%) dos enfermeiros participantes atuavam
em UTI adulto e 11 (6%) em pediátrica e/ou neonatal,
culminando com a prevalência de UTIs adultos e suas muitas
especialidades presentes nos hospitais do município de
São Paulo. A Associação de Medicina Intensiva Brasileira
(AMIB)5 , que elaborou o primeiro estudo apresentando uma
visão do cenário das UTIs no país, mostrou predominância
(89,2%) de UTIs adulto, sendo que os leitos de UTI neonatal
e pediátrica correspondem a apenas 10,8%.
No tocante às especializações, 19 foram citadas conforme
mostraa Tabela 3, sendo que 84 (58%) enfermeiros
concluíram o curso de pós-graduação em Enfermagem
em UTI, seguidos por emergência/pronto-socorro com 20
(14%) pro ssionais e 8 (6%) especializados em cardiologia.
Além disso, enfermeiros que trabalham em UTI têm,
na conformação dos seus processos de capacitação pro ssional,
determinações históricas e sociais que interagem
com as pessoais. Isto porque deles são requeridos saberes
que favoreçam o desempenho e caz frente à diversidade
de situações complexas e mutáveis com que se deparam no
cotidiano do trabalho. Porisso, além de contarem com o
serviço de educação continuada/permanente de suas instituições,
muitos buscam outras formas de adquirirem maior
embasamento teórico-cientí co, principalmente por meio
dos cursos de pós-graduação6 .
Evidenciou-se que, dentre os pro ssionais enfermeiros
participantes, 163 (97%) responderam que utilizavam no
dia a dia ferramenta de predição para o desenvolvimento
de UP e 6 (3%) não o faziam. Correspondendo, conforme
mostra a Tabela 4, que em 33 (85%) hospitais havia sido
instituída avaliação de risco com a utilização de algum tipo
de escala para UP, sendo 13 (39%) privados, 15 (45%) públicos
e cinco (16%) OSS.
O emprego de uma ferramenta devidamente validada
para avaliação de risco para o desenvolvimento para UP é
essencial a m da correta identi cação dos pacientes e adoção
de medidas de prevenção em tempo hábil7 .
Nesse contexto, para os administradores das instituições
de saúde e os gerentes de enfermagem, a aplicação das escalas
de predição de risco de UP implica não somente em melhorar
a assistência e reduzir custos, mas tambémemcontemplar
indicadores de entidades acreditadoras dos certi cados de
qualidade.
Em relação aos hospitais públicos, evidenciou-se que 15,
dos 17 participantes do estudo, utilizavam escala de avaliação
de risco. Essa importante conquista se deve também ao fato
de que, nos hospitais da Secretaria do Estado da Saúde, por
exemplo, a utilização da escala de avaliação de risco para UP
é uma recomendação e faz parte do Contrato Gestor, sendo
que a sua aplicação é revertida em boni cações nanceiras
tanto para a instituição quanto para seus colaboradores6 .
No que diz respeito ao tempo de uso de uma escala de
avaliação de risco para UP, a Tabela 5 mostra que 1 (3%)
hospital o fazia há 6 meses, 19 (60%) utilizavam esta ferramenta
há mais de 6 meses até 5 anos e 12 (37%) há mais
de 5 anos.
Entre os hospitais estudados, prevaleceram aqueles que
faziam uso de uma ferramenta de avaliação de riscos há mais
de sete meses e menos de cinco anos (19/58%).
No caso das instituições públicas, o uso da escala de
avaliação de risco para UP teve início com o período da
vigência do Contrato de Gestão, que se iniciou em 20088 .
Já a maioria (8/57%) das instituições privadas que aplicava
uma escala de avaliação de risco para UP, estava fazendo
isso há mais de seisanos, dado as metas e os indicadores
já instituídos.
Dentre os tipos de escalas existentes, houve unanimidade
pela escala padronizada. Nos 33 (85%) hospitais que participaram
deste estudo e que fazem uso de um instrumento
de predição para UP, os pro ssionais optaram por seguir os
parâmetros da EB e, quando a população era infantil, utilizaram
a escala adaptada EBQ.
A EB é a mais empregada mundialmente, tanto em
pesquisas como na prática clínica, sendo recomendada pela
Wound Ostomy and Continence Nurses Society9 .
Na escolha do tipo de ferramenta a ser empregada para
a avaliação de risco para desenvolvimento de UP, além da
realidade de cada instituição e o tipo de população atendida,
devem-se considerar também sua validação, e cácia
e facilidade de aplicação10 .
De acordo com a Tabela 6, a capacitação para os enfermeiros
sobre as escalas de risco para UP foi uma constante
identi cada nos 33 (85%) hospitais que utilizavam a EB,
sendo que apenas nos 6 (15%) que não tinham implantado
esse tipo de prática, não houve capacitação.
Dentre os tipos de capacitação citados, observa-se na
Tabela 6 que o treinamento era realizado pelos enfermeiros
da educação continuada (10/31%) ao colaborador, e pelo
Grupo de Pele da instituição e/ou enfermeiros estomaterapeutas
(11/34%). Os treinamentos realizados por terceiros e
fornecedores de produtos relacionados a curativos/coberturas
foram citados como forma de capacitação especí ca ao
uso da EB, em 6 (18%) hospitais, sendo 2 públicos e 4 OSS.
Houve ainda referência à capacitação de 5 (15%) enfermeiros
dos hospitais pesquisados, que foi realizada durante o
processo de integração do pro ssional à empresa.
O fato da capacitação para a utilização de uma escala
ser realizada por representantes de produtos para prevenção
de úlcera por pressão indica falha de planejamento e
gerenciamento de atividades educacionais. Acapacitação oferecida
por fornecedores de produtos, além de não considerar
a realidade da instituição (já que não a vivencia), também
não contempla as necessidades de reavaliações do processo,
suporte e discussões que normalmente se fazem necessária.
A implementação bem-sucedida de qualquer intervenção
nova de enfermagem depende do grau de aceitação
e apoio do grupo de liderança e organização, assim como
dos enfermeiros assistenciais. Faz-se necessário um sistema
de cuidados de saúde com uma estratégia clara, que inclua
suporte do sistema de criação do plano de educação, incluindo
o monitoramento para realizar a avaliação. Acrescenta-se
que se faz necessário esclarecimento quanto à documentação
a ser utilizada e discussões por meio de estudos de casos
para aperfeiçoar a con abilidade do processo11 .
A respeito de protocolos institucionais, a Tabela 7 mostra
que, dos 39 (100%) hospitais pesquisados, 30 (77%) tinham
protocolo para prevenção de UP e 9 (23%), não.
Dos 33 hospitais que tinham estabelecido a aplicação
da EB, 3 (9%) não possuíam protocolos assistenciais relacionados.
A confecção deles traz a possibilidade de redução
da variação das práticas clínicas, padronizando condutas e
dos serviços de saúde12 .
O fator pressão, incluindo-se o cisalhamento e o atrito,
além da duração e intensidade da pressão exercida sobre a
proeminência óssea, desempenha papel fundamental no
desenvolvimento da UP3 . Por isso, utilizar o reposicionamento
para reduzir a duração e a magnitude da pressão
sobre áreas vulneráveis do corpo, além da frequência no
reposicionamento, são recomendações com grau A para a
prevenção da UP13 .
Além disso, a avaliação do estado nutricional e de hidratação
deve ser incluída na análise de risco do paciente em
desenvolver UP. Dessa maneira, com grau de recomendação
A, sugere-se, dentre outros cuidados, oferecer, via oral ou por
meio de cateteres de alimentação, suplementos nutricionais
com alto teor proteico como complementos da dieta habitual
aos indivíduos em risco de dé cit nutricional e de UP12 .
A implementação dos protocolos de avaliação de risco e
prevenção para o desenvolvimento da UP com base no uso da
EB torna-se fundamental e de impacto no controle da incidência
de tal enfermidade, quando utilizados sistematicamente13 .
De forma equivocada, foram citados em 3 (10%) hospitais
que aplicavam EB, sendo os 3 públicos, a própria escala
como um protocolo. Na verdade, a EB não é um protocolo,
trata-se de um instrumento, uma ferramenta facilitadora para
predizer o risco para o desenvolvimento da UP. Baseando-se
no valor de seu escore, devem-se adotar medidas preventivas
padronizadas nos protocolos institucionais.
Dentre os campos deste estudo, também se identificou
que o protocolo mais citado foi o de prevenção e
tratamento (15/50%) da UP, seguido pelo de mudança de
decúbito (7/24%).
Na Tabela 8 apresenta-se a opinião de cada enfermeiro
participante a respeito da utilização das escalas de prevenção
de risco para UP e se foram obtidos relatos parecidos
nas instituições nas três esferas administrativas.
Independentemente do tempo de utilização da EB,
ainda conforme mostra a Tabela 8, 31 (94%) instituições
evidenciaram, por meio do relato de seus enfermeiros, a
redução da incidência de UP após a implantação do uso
da EB. Somente em 2 (6%) hospitais, os pro ssionais não
relataram o mesmo, mostrando que a utilização das escalas
de predição de risco para UP contribui para minimizar
sua ocorrência.
Vinte e quatro (14%) enfermeiros optaram por não responder
a essa questão; 29 (17%) acreditavam ser um instrumento
necessário para a redução da incidência de UP; 19 (11%)
declararam que as escalas de risco contribuem para padronizar
condutas por meio dos protocolos, diminuindo erros humanos;
2 (1%) mencionaram que precisava-se da conscientização
dos enfermeiros assistenciais sobre a aplicação da EB, já que
demanda tempo para o preenchimento adequado e, por m,
1 (1%) pro ssional relatou que as escalas de risco precisam de
melhorias por meio da realização de novos estudos cientí cos.
Cada forma de se administrar uma instituição hospitalar,
seja ela pública, particular ou ainda lantrópica, tem
peculiaridades inerentes à sua realidade nanceira. Porém,
é imprescindível, em qualquer uma delas, a avaliação do
risco de um paciente para o desenvolvimento da UP, principalmente
nas UTIs.
Costa e Coliri identi caram em seu estudo que a EB é
um instrumento de fácil utilização e é e ciente para predizer
o risco de desenvolvimento para UP em pacientes em
estado crítico, com adequada sensibilidade e especi cidade,
que realmente pode auxiliar o enfermeiro no processo de
decisão sobre as suas intervenções14 .
No que tange a conscientização dos enfermeiros engajados
diretamente na assistência e que aplicam a EB ou
qualquer outro tipo de escala de predição reforçam que,
além da conscientização é absolutamente necessária a preparação
de tais pro ssionais para o uso desta ferramenta,
para que assim facilite a implantação de seu uso e efetive o
seu preenchimento na periodicidade adequada, favorecendo
o cuidado ao paciente13,15 .
Veri car se um indivíduo tem risco para desenvolver
uma UP remete à implantação de ações que impeçam a sua
efetiva instalação e todas as suas consequências. Osprotocolos
e a avaliação de sua e cácia têm sido considerados
indicadores de qualidade da atenção prestada em serviços
de saúde13,16 .
A falta de prática ou capacitação leva, possivelmente, à
utilização incorreta da EB, podendo também acarretar numa
opinião distorcida sobre a sua real efetividade.
A avaliação da prevenção de risco para a UP é constantemente
abordada no âmbito hospitalar, e sua importância
faz-se necessária para manter a qualidade de assistência de
enfermagem.
Entretanto, apesar de toda a evolução cientí ca com
relação à prevenção da UP e à aplicação das escalas de
predição, ainda pode permanecer no contexto assistencial
o hábito da realização de atividades de forma mecânica,
unicamente ao preenchimento de documentos exigidos,
seja para o cumprimento de metas ou para as conquistas
de certi cações diversas, desconsiderando-se a real importância
da aplicação correta deste instrumento. Este auxilia
na redução do tempo de trabalho, dos custos hospitalares,
na melhoria de atendimento aos clientes atendidos,
no acompanhamento efetivo de patologias apresentadas,
além de contribuir para o julgamento clínico do enfermeiro
que o utiliza.
A sensibilização da equipe de enfermeiros se faz indispensável,
possibilitando, desta forma, medidas terapêuticas
mais e cientes e conscientes, garantindo ao cliente sua
integridade física e emocional. Isto significa que é responsabilidade
da instituição produtora de bens e serviços,
independentemente da sua forma de administração (privada,
pública ou OSS), o aperfeiçoamento do seu pessoal,
assim como de cada pro ssional enfermeiro o interesse em
adquirir habilidade no manejo deste instrumento que tanto
auxilia na identi cação do risco ao desenvolvimento da UP.
CONCLUSÃO
Neste estudo foi possível veri car a utilização das escalas de
prevenção de risco para UP na maioria (33/85%) dos hospitais
pesquisados no município de São Paulo, sendo cinco
(15%) OSS, 13 (40%) instituições particulares e 15 (45%)
hospitais do setor público, totalizando 33 locais que realizam
a aplicação de tal instrumento de predição.
A escala utilizada em todas as instituições pesquisadas
que faziam uso das escalas de avaliação de risco para UP
foi a EB, sendo que, para o público infantil, utilizavam sua
adaptação padronizada EBQ.
Notou-se que os enfermeiros que aplicavam a EB
referiram terem sido capacitados previamente, sendo os principais
capacitadores a equipe de pro ssionais da Educação
Continuada e o Grupo de Pele da instituição ou os enfermeiros
estomaterapeutas.
A EB foi considerada pelos participantes um instrumento
e caz que auxilia na avaliação de risco de UP
(52/31%), seguido de um número importante (42/25%), os
quais relataram reconhecer na EB um indicador de qualidade
da assistência.
Com relação às condutas ou aos protocolos ao indivíduo
sob risco de desenvolver UP adotadas nas instituições
pesquisadas, a maioria (30/77%) realizava algum tipo de
intervenção, dentre as quais se destacaram a prevenção e
o tratamento, a mudança de decúbito, a hidratação corporal,
o uso de coxins e a prevenção de proeminências ósseas.
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