Resumo de Dissertação - Representações Sociais do corpo para pessoas acometidas pela Hanseníase: Processos Saúde/Doença

Autores

  • Talitha Vieira Gonçalves Batista
  • Maria Angela Boccara de Paula

Resumo

A hanseníase constitui grave problema de Saúde Pública no Brasil. É uma doença crônica, causada pelo Mycobacterium leprae, cuja manifestação ocorre em células cutâneas e nervos periféricos. A característica principal da doença é o aparecimento de incapacidades físicas irreversíveis que podem evoluir para deformidades. Como forma de preveni-las, o Ministério da Saúde propõe ações educativas em autocuidado. No entanto, o ‘estar doente’ de hanseníase remete a desestruturações não somente físicas, mas também psíquicas e socioculturais, causadas, principalmente, pelas incapacidades e deformidades, pelo abalo da imagem corporal, pelo estigma, preconceitos, discriminações e exclusões causadas pela doença, que podem interferir na aderência ao autocuidado. O corpo deformado pela hanseníase possui significados construídos socialmente em um processo dinâmico, determinado por condições históricas e socioculturais e constituem o substrato sobre o qual os indivíduos formulam suas interpretações a respeito da doença e dão sentido às suas experiências e práticas. Assim, este estudo teve como objetivo identificar as RS do corpo para pessoas que tiveram hanseníase e que desenvolveram deformidades físicas. Para tanto, realizou-se pesquisa qualitativa com quinze pessoas cadastradas e em acompanhamento no Programa de Autocuidado em Hanseníase de um Ambulatório Regional de Especialidades de um Município do Vale do Paraíba Paulista. Como instrumentos foram utilizados formulário de identificação e entrevista semiestruturada. Para análise dos dados, utilizou-se análise de conteúdo a partir da qual se destacaram duas unidades temáticas e seus respectivos subtemas: unidade temática 1: Estigma (exclusão, lepra e sequelas) e unidade temática 2: Limitação do corpo (corpo improdutivo e corpo esquecido). Concluiuse que praticamente todos os entrevistados simbolizaram uma RS negativa em torno do corpo, ancorada no corpo ‘leproso’, incapacitado e deformado. A referência a sentimentos de sofrimento, medo e vergonha, além da presença de dores e deformidades corporais foi marcante na maioria dos relatos. Compreendeu-se que a hanseníase gerou cicatrizes profundas nos entrevistados, pois o estigma permaneceu não somente no corpo, mas também na mente, no imaginário e na alma destas pessoas. Suas vidas sofreram grandes transformações devido às perdas que foram se efetivando ao longo dos anos. As transformações corporais, a rejeição e o abandono da família e dos amigos, a perda do emprego e da saúde, decorrentes da ameaça constante da reação hansênica, foram situações advindas da doença e que integraram o cotidiano de cada entrevistado. Em relação ao autocuidado, constatou-se uma dificuldade de aderência, uma vez que praticamente todos os entrevistados referiram somente a hidratação corporal como a forma mais utilizada de cuidado. Acredita-se que para que as pessoas acometidas pela hanseníase tenham maior aderência ao autocuidado, faz-se necessário que as ações e práticas educativas em saúde favoreçam a compreensão da doença e das possíveis modificações advindas da hanseníase, favorecendo um processo de ressignificação das RS, para que seja possível construir novos sentidos e significados da doença, do adoecer e do cuidar, empoderando-os a um autocuidado mais efetivo e consciente.Descritores: Hanseníase. Representação social. Imagem corporal. Autocuidado.

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Publicado

2014-12-01

Como Citar

1.
Batista TVG, Paula MAB de. Resumo de Dissertação - Representações Sociais do corpo para pessoas acometidas pela Hanseníase: Processos Saúde/Doença. ESTIMA [Internet]. 1º de dezembro de 2014 [citado 22º de novembro de 2024];12(4). Disponível em: https://www.revistaestima.com.br/estima/article/view/342

Edição

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