Artigo Original 2

Autores

  • Adileida Costa e Silva Enfermeira Assistente do Hospital Regional de Altamira.
  • Giselle Nazaré de Sousa e Silva Enfermeira Assistente do Hospital Santa Clara. Belém-PA.
  • Regina Ribeiro Cunha Enfermeira Estomaterapeuta. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta da Escola de Enfermagem Magalhães Barata, daUniversidade do Estado do Pará (UEPA), e da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal do Pará (UFPA). Membro dosGrupos de Pesquisa: Intervenções de Enfermagem no Processo Saúde- Doença do Pará (IENPSAD/UEPA) e Estudo de Políticas emSaúde no Cuidado de Enfermagem Amazônico (EPOTENA/UFPA). Linha de Pesquisa: Enfermagem em Estomaterapia daAmazônia (ENFESTA/UFPA). Brasil. Orientadora.

Resumo

Caracterização de Pessoas Estomizadas atendidas em Consulta de Enfermagem do Serviço de Estomaterapia do Município de Belém-PA


ResumoO objetivo deste estudo foi caracterizar as pessoas estomizadas atendidas em Consulta de Enfermagem do Serviço de Estomaterapia do município de Belém-PA, Brasil. Trata-se de estudo exploratório-descritivo com abordagem quantitativa e do tipo documental, em que foram analisados prontuários das pessoas atendidas em Consulta de Enfermagem no período entre 5 de outubro de 2009 e 20 de janeiro de 2010. Foram avaliados 443 prontuários: 50,79% eram pessoas do sexo feminino; 31,83% estavam em faixa etária a partir de 60 anos; 61,85% eram procedentes da capital; 44,02% eram casados; 55,30% apresentaram ensino fundamental incompleto; 30,70% eram aposentados; e 62,75% possuíam renda de até dois salários mínimos. Como causa básica da estomia, detectaram-se as neoplasias (50,34%), predominando as colostomias (60,95%), permanentes (51,24%), diâmetro da estomia com média entre 20 a 39mm (66,37%) e tempo de estomizado inferior a 2 anos (59,14%). As principais complicações da estomia foram o prolapso (10,16%) e a retração (4,06%); quanto às complicações da pele periestoma, obtiveram-se a dermatite (26,41%). As lesões pseudoverrucosas estavam presentes em 4,51% das pessoas. O equipamento coletor mais utilizado foi o sistema de duas peças (84,42%). Esta investigação aponta a necessidade de considerar esses resultados para o planejamento do Serviço de Estomaterapia na região.Descritores: Enfermagem. Estomia. Perfil de Saúde. Pesquisa em Enfermagem.AbstractBrazil. This was an exploratory, descriptive and quantitative study. The medical records of 443 patients who attended the stomatherapy service between October 5, 2009 and January 20, 2010 were reviewed. Results revealed that 50.79% of the patients were women; 31.83% were older than 60 years; 61.85% lived in the state capital; 44.02% were married; 55.30% had incomplete primary education; 30.70% were retired; and 62.75% had a monthly income of up to two minimum wages (Brazilian minimum wage ~ US$ 350.00/monthly). The most common reason for the ostomy was cancer (50.34%), and the most frequent types of ostomy were permanent (60.95%) colostomy (51.24%), with a mean diameter ranging between 20 and 39 mm in 66.37% of cases. The time elapsed since ostomy was less than 2 years for 59.14% of patients. The most common ostomy complications were prolapse (10.16%) and shrinkage (4.06%), and the most common peristomal skin complication was dermatitis (26.41%) followed by pseudoverrucous lesions (4.51%). The most commonly used ostomy pouching system was the two-piece appliance (84.42%). The information presented in this study can be used for the planning of stomatherapy services in the region.Descriptors: Nursing. Ostomy. Health Profile. Nursing Research.ResúmenEl objetivo del estudio fue caracterizar las personas estomizadas atendidas en Consulta de Enfermería del Servicio de Estomaterapia del municipio de Belém-PA, Brasil. Estudio exploratorio-descriptivo con abordaje cuantitativo de tipo documental en que fueron analizados historias clínicas de las personas atendidas en Consulta de Enfermería en el período entre 5 de octubre de 2009 y 20 de enero de 2010. Fueron evaluadas 443 historias: 50,79% de personas de sexo femenino; 31,83% con edad de 60 años en adelante, la que presentó mayor representatividad; 61,85% procedentes de la capital; 44,02% casados; 55,30% con educación fundamental incompleta; 30,70% eran jubilados; 62,75% con renta de hasta dos salarios mínimos. Como causa básica de la estomía, se evidenciaron las neoplasias (50,34%), predominando las colostomías (60,95%), permanentes (51,24%), diámetro de la estomía con promedio entre 20 a 39mm (66,37%), tiempo de estomizado inferior a 2 años (59,14%). Principales complicaciones de la estomía: prolapso (10,16%) y retracción (4,06%); complicaciones de la piel periestomal: dermatitis (26,41%) y lesionees pseudoverrugosas (4,51%). El equipamiento colector más utilizado fue el sistema de dos piezas (84,42%). Esta investigación apunta la necesidad de considerar esos resultados para la planificación y organización del Servicio de Estomaterapia de la región.Palabras clave: Enfermería. Estomía. Perfil de Salud. Investigacíon en Enfermería.IntroduçãoOs termos ostomia, ostoma, estoma ou estomia são designativos oriundos do grego que significam ?boca? ou ?abertura?, e são utilizados para indicar a exteriorização de qualquer víscera oca, através do corpo1. Essas aberturas estão vinculadas, na maioria das vezes, a doenças crônicas, intestinais e urinárias, como os cânceres e as doenças inflamatórias, além de traumas e enfermidades congênitas2.Dependendo da etiologia da doença, o cirurgião indica a realização de uma estomia temporária ou definitiva. As temporárias são realizadas para proteger uma anastomose, tendo em vista o seu fechamento num curto espaço de tempo, enquanto que as definitivas são realizadas quando não existe a possibilidade de restabelecer o trânsito intestinal, geralmente na situação de câncer1.Após a cirurgia, a pessoa estomizada pensa em como retomar a sua vida, ou seja, como conciliar suas preocupações relacionadas com os aspectos do cotidiano, como a possibilidade de realizar autocuidado e manter suas atividades sociais, interpessoais e de lazer3.No cuidado à saúde dessas pessoas, o Enfermeiro Estomaterapeuta exerce importante papel na assistência perioperatória, oferecendo apoio emocional à pessoa a ser estomizada e à família, demarcando o local a ser confeccionado a estomia, demonstrando os equipamentos e adjuvantes, além de desenvolver ações educativas que possibilitem o autocuidado emancipatório rumo à reabilitação.Entre os fatores desencadeantes da confecção de uma estomia, destaca-se o câncer colorretal, sendo este, no Brasil, a quarta causa mais comum de câncer no sexo masculino e a terceira causa no sexo feminino. De acordo com estimativas para 2010, fornecidas pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) no Pará, esta estimativa é de 130 casos novos em homens, e 160 em mulheres4.Partimos da hipótese de que a partir do momento em que tivermos acesso a características das pessoas estomizadas e das estomias, as estratégias de atenção a esse usuário poderão ser mais bem planejadas, principalmente considerando o número de estomizados no estado do Pará. Vale ressaltar que até o momento não há dados disponíveis sobre o perfil desse grupo social em nossa região, informação primordial a qualquer proposta de ação à saúde dessa população.MétodosTrata-se de um estudo exploratóriodescritivo com abordagem quantitativa do tipo documental em que foram analisados prontuários de pessoas atendidas em Consulta de Enfermagem no período entre 5 de outubro de 2009 e 20 de janeiro de 2010 no Serviço de Estomaterapia da Unidade de Referência Especializada, no município de Belém-PA. Do total de 705, foram investigados 443 prontuários com a Consulta de Enfermagem.Os 262 prontuários restantes foram gerados apenas para dispensação de equipamentos coletores para fezes e urina, não dispondo das informações necessárias que atendessem aos objetivos da pesquisa, justificando-se sua exclusão do estudo. Para cada prontuário havia um instrumento de coleta de dados com as seguintes variáveis: identificação, dados sociodemográficos, causa básica da estomia, tipo de estomia, caráter da estomia, tempo de estomizado, complicações relacionadas a estomia e pele periestomal e tipo de equipamento utilizado. O projeto de pesquisa foi submetido à apreciação do Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da Universidade do Estado do Pará, recebendo parecer favorável sob o nº 0055.0.321.000.09.Resultados e DiscussãoOs resultados mostraram que, dos 443 estomizados, 49,21% correspondiam ao sexo masculino e 50,79% ao sexo feminino (Figura 1).Neste estudo, praticamente há uma distribuição equitativa entre homens e mulheres. Tais resultados coincidem com alguns achados similares demonstrados por pesquisas anteriores5,6.Figura 1: Distribuição de pessoas estomizadas atendidas em consulta de enfermagem no Serviço de Estomaterapia da Unidade de Referência Especializada, segundo o sexo. Belém-PA, 2010.Quanto ao estado marital, o estudo mostrou que houve uma prevalência entre os casados, 47,45%, seguido dos solteiros com 39,42%, viúvos com 9,98% e separados com 3,16% dos casos (Figura 2). Este resultado revela a importância da participação da família, principalmente do cônjuge, na recuperação do estomizado. Isso se justifica porque a confecção de uma estomia, geralmente, causa restrições à vida sexual do estomizado, que passa a ver a estomia como uma mutilação anatômica. Sendo assim, os familiares passam a constituírem peças fundamentais para execução de um plano terapêutico, de reabilitação e reinserção social.Figura 2: Distribuição de pessoas estomizadas atendidas em consulta de enfermagem no Serviço de Estomaterapia da Unidade de Referência Especializada, segundo o estado marital. Belém-PA, 2010.Em relação à faixa etária, a mais acometida foi a população com mais de 60 anos de idade, sendo 141(31,83%) dos casos; em segundo lugar, com 19,64%, destacou-se a faixa etária entre 50 e 59 anos; em terceiro, com 16,48%, enquadra-se a população entre 40 e 49 anos; em quarto, com 14,67%, destacou-se a faixa etária entre 20 e 29 anos (Figura 3). A importância local deste fato devese à constatação das projeções da Organização Mundial da Saúde para 2025, nas quais o Brasil estará entre os 10 países do mundo com maior número de idosos7. No ano 2000, os idosos representavam 5% da população total de brasileiros; em 2050, esse índice subirá para 18%, igualandose com a população jovem de zero a 14 anos8.Quanto à procedência, 274 (61,85%) eram procedentes da capital do estado e 169 (38,15%) eram oriundos do interior do estado (Figura 4).Atribui-se este resultado provavelmente ao fato de as instituições de saúde do interior do estado não disponibilizarem de serviço especializado em atenção a essas pessoas, havendo a necessidade de deslocamento para o município de Belém-PA, principalmente para adquirir o equipamento coletor e adjuvantes, essenciais a suas vidas.Figura 3: Distribuição de pessoas estomizadas atendidas em consulta de enfermagem no Serviço de Estomaterapia da Unidade de Referência Especializada, segundo a faixa etária. Belém-PA, 2010.Figura 4: Distribuição de pessoas estomizadas atendidas em consulta de enfermagem no Serviço de Estomaterapia da Unidade de Referência Especializada, segundo a procedência. Belém-PA, 2010.Quanto ao nível de escolaridade, percebeuse que a maioria (56,98%) possuía o ensino fundamental incompleto; 5,12% com ensino fundamental completo; ensino médio incompleto 7,67%; ensino médio completo 16,28%; ensino superior incompleto 1,63%; ensino superior completo 4,42%; analfabetos apresentaram-se com 7,91% (Figura 5). Este resultado revela um perfil preocupante quando nos reportamos à cidadania e ao respeito aos direitos, pois sabemos que quanto mais baixa a escolaridade, mais desfavorável é o capital linguístico dos sujeitos para questionar os profissionais acerca de seus problemas de saúde, do cuidado a ser efetivado e sobre os direitos que lhes são inerentes8. Vale ressaltar que essa situação não interfere na atuação junto a essas pessoas, pois a interação entre usuário, serviço e profissionais de saúde tem proporcionado a superação das dificuldades impostas por essa variável.Ao analisarmos a ocupação, observou-se que o aposentado foi a condição profissional que mais se destacou (33,83%), seguido dos desempregados com 24,86% dos casos; 11,94% trabalham sem carteira assinada, 9,45% exercem a profissão do lar, 8,95% recebem algum tipo de benefício, 7,21% são estudantes e apenas 3,73% trabalham com carteira assinada (Figura 6). Uma das alterações ocasionadas pela estomia é a alteração do papel e do status social do cliente na família e na sociedade10. É comum após a cirurgia, o estomizado (que trabalhava) ser aposentado, deixando assim de ser o provedor da família, tornando-se, então, dependente desta em relação a seu cuidado.Figura 5: Distribuição de pessoas estomizadas atendidas em consulta de enfermagem no Serviço de Estomaterapia da Unidade de Referência Especializada, segundo a escolaridade. Belém-PA, 2010.Figura 6: Distribuição de pessoas estomizadas atendidas em consulta de enfermagem no Serviço de Estomaterapia da Unidade de Referência Especializada, segundo a ocupação. Belém-PA, 2010.A renda familiar é compreendida entre um e dois salários mínimos (66,51%), havendo um destaque também para aqueles que recebem menos de um salário mínimo (24,88%) (Figura 7). Estudo semelhante revelou ganhos familiares abaixo de três salários mínimos mensais9. Esta informação nos remete a concluir que a população estudada possui um baixo poder aquisitivo e, consequentemente, poderão ter dificuldades em adquirir os equipamentos coletores, essenciais para o seu processo reabilitatório.Figura 7: Distribuição de pessoas estomizadas atendidas em consulta de enfermagem no Serviço de Estomaterapia da Unidade de Referência Especializada, segundo a renda familiar. Belém-PA, 2010.Com relação à causa básica que levou a confecção da estomia, 53,48% resultaram de neoplasias, seguidos de traumas, 16,55%, e das doenças inflamatórias, com 16,31% dos casos (Figura 8). Estes dados coincidem com a literatura: de acordo com estimativas para 2010 e 2011 do INCA, serão diagnosticados 56 mil novos casos de câncer de intestinos até 2011, 28 mil por ano4.Figura 8: Distribuição de pessoas estomizadas atendidas em consulta de enfermagem no Serviço de Estomaterapia da Unidade de Referência Especializada, segundo a causa básica da estomia. Belém-PA, 2010.Dentre as estomias intestinais, houve o predomínio das colostomias, com 63,53% dos casos, seguidas das ileostomias, com 20,94%, e outros tipos, com 15,53% (Gráfico 9). Estes resultados aproximam-se de outros estudos, nos quais se revela o predomínio das colostomias5,11,12.Figura 9: Distribuição de pessoas estomizadas atendidas em consulta deenfermagem no Serviço de Estomaterapia da Unidade de ReferênciaEspecializada, segundo o tipo de estoma. Belém-PA, 2010.Quanto ao caráter da estomia, 51,24% foi permanente e 48,76% de caráter provisório (Figura 10). A permanência ou não das estomias está diretamente relacionada com as causas que motivaram a sua construção. A definitiva se associa mais frequentemente ao câncer colorretal e urogenital e a temporária ao trauma5.Figura 10: Distribuição de pessoas estomizadas atendidas em consulta de enfermagem no Serviço de Estomaterapia da Unidade de Referência Especializada, segundo o caráter do estoma. Belém-PA, 2010.Dentre as pessoas estomizadas atendidas no Serviço de Estomaterapia da Unidade de Referência do município de Belém-PA, 67,90% possuem o diâmetro de sua estomia entre 20 a 39 mm; 20,79% são referentes ao diâmetro entre 40 e 59 mm; 7,62% enquadram-se até 19 mm; 3,23% estão entre 60 e 79 mm e 0,46% possuem diâmetro igual ou superior a 80 mm (Figura 11). Esse dado é relevante ao contribuir para a previsão e provisão de equipamentos e adjuvantes para estomias.Figura 11: Distribuição de pessoas estomizadas atendidas em consulta de enfermagem no Serviço de Estomaterapia da Unidade de Referência Especializada, segundo o diâmetro do estoma. Belém-PA, 2010.Analisando o tempo de estomizado, a maioria, 60,51%, apresenta a estomia com o tempo inferior a dois anos; 13,16% possuem estomia entre dois a quatro anos; 13,63% entre quatro a seis; 3,23% são estomizados entre seis e oito anos e 9,47% apresentam a estomia há mais de oito anos (Figura 12). Quanto mais recente a situação de convivência com a estomia, maiores são as dificuldades para se manejarem as novas necessidades e maiores são os constrangimentos sofridos pelas pessoas9.Figura 12: Distribuição de pessoas estomizadas atendidas em consulta de enfermagem no Serviço de Estomaterapia da Unidade de Referência Especializada, segundo o tempo (em anos) de estomizado. Belém-PA, 2010.No que diz respeito às complicações relacionadas à estomia, 36,89% dos casos estavam relacionados ao prolapso; 14,75% à retração e 48,36% a outro tipo de complicação (Figura 13). O surgimento do prolapso resulta da exteriorização de segmentos intestinais móveis, distantes da fixação anatômica e geralmente associados a hérnias paracolostômicas, bem como aos fatores relativos à técnica cirúrgica, e outros de ordem geral, como aumento da pressão intra-abdominal e redução do tônus muscular, que colaboram para a incidência de tais complicações13.Figura 13: Distribuição de pessoas estomizadas atendidas em consulta de enfermagem no Serviço de Estomaterapia da Unidade de Referência Especializada, segundo complicações relacionadas à estomia. Belém-PA, 2010.Ao analisarmos as complicações relacionadas à pele periestomal, detectamos que 82,39% dos casos apresentavam dermatite; 14,08% lesões pseudoverrugosas e 3,52% apresentavam outro tipo de complicação (Figura 14). Ocorre que as dermatites são causadas, provavelmente, por inadequação do tamanho ou modo de recorte do orifício da placa, quando esta é maior do que a estomia, com isso, a pele fica exposta ao contato do efluente. A utilização de bolsas com colantes e sua constante troca retiram as camadas protetoras da pele.Figura 14: Distribuição de pessoas estomizadas atendidas em consulta de enfermagem no Serviço de Estomaterapia da Unidade de Referência Especializada, segundo complicações relacionadas à pele periestomal. Belém- PA, 2010.Quanto ao tipo de dispositivo, 84,42% dos estomizados utilizavam equipamento coletor do tipo sistema duas peças e 15,58% utilizavam sistema único (Figura 15). Com o avanço tecnológico e a diversidade de equipamentos no mercado, torna-se essencial estar familiarizado com esses dispositivos, e assim selecioná-los adequadamente de acordo com as necessidades individuais de cada pessoa estomizada.Figura 15: Distribuição de pessoas estomizadas atendidas em consulta de enfermagem no Serviço de Estomaterapia da Unidade de Referência Especializada, segundo o tipo de dispositivo utilizado. Belém-PA, 2010.Considerações finaisEsta pesquisa traz resultados importantes ao planejamento de ações de saúde à pessoa estomizada, e ainda fornece o retrato dessa população aos profissionais que prestam assistência na Unidade.Observamos que, entre o grupo de pessoas estomizadas, não há uma predominância significativa do sexo, havendo uma equivalência entre eles. A maioria é casada. Prevaleceu a idade superior a 60 anos, aposentados com baixa renda, entre um a dois salários mínimos. A maioria da população é procedente da capital do estado. O nível de escolaridade que se destacou foi o ensino fundamental incompleto.Com relação à causa básica geradora da estomia, identificamos a neoplasia como de maior frequência, sendo as colostomias o tipo mais prevalente. Quanto ao caráter da estomia, prevaleceram os que apresentam estomia permanente e com o diâmetro medindo entre 20 e 39 mm. Em se tratando de tempo de estomizado, a maioria possui tempo inferior a dois anos. Quanto às complicações relacionadas à estomia, houve o predomínio do prolapso, e com relação às complicações relacionadas à pele periestomal, o destaque foi para as dermatites, como as mais frequentes. Um considerável número de pessoas estomizadas utiliza como equipamento o sistema do tipo duas peças.Dentre as limitações do estudo, destaca-se o deficiente preenchimento no prontuário dos usuários no que se refere a algumas variáveis do estudo, inviabilizando o seu uso durante a coleta dos dados. Estes dados são fundamentais para que se possa traçar um perfil mais aproximado da realidade local, com vistas a fornecer informações aos gestores da saúde para subsidiar a melhoria no atendimento à saúde das pessoas. É fundamental que o enfermeiro compreenda a importante necessidade de se notificar corretamente os dados da clientela.O Serviço de Estomaterapia do município de Belém-PA possui uma função importante na reabilitação das pessoas estomizadas, por isso, destacamos alguns pontos que deveriam ser melhorados: o preenchimento fidedigno dos dados de identificação e caracterização da estomia; a elaboração de cursos e/ou palestras de capacitação dos profissionais de enfermagem que atuam no serviço; e a ampliação da estrutura física onde funciona o atendimento ao usuário. O Serviço de Estomaterapia exerce uma função essencial na vida das pessoas estomizadas, demandando ainda profundas melhorias e investimentos dos gestores da saúde de nosso estado.É de extrema importância que o estado e o município planejem em conjunto a descentralização do Serviço Especializado, haja vista que cresce cada vez mais o número de atendimento por parte deste, evitando com isso o deslocamento desnecessário dos usuários para a capital do estado. Espera-se que, a partir deste estudo, outros trabalhos dessa natureza sejam elaborados, em que se divulgue a estimativa real do número de estomizados em nosso estado e consequentemente em nosso País.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Gemelli LMG, Zago MMF. A interpretação do cuidado com o ostomizado na visão do enfermeiro: um estudo de caso. Rev Latino-Am. Enfermagem 2002;10(1):34-40.

Mantovani MF, Muniz MR, Simões MC, Boscho MD, Oliveira GD. O perfil dos usuários cadastrados na Associação Paranaense de Ostomizados-APO. Cogitare Enferm. 2007;12(1):76-81. [online] [acesso 7 set 2009] Disponível em:.

Barnabe NC, Dell?acqua MCQ. Coping strategies of ostomized individuals. Rev Latino-Am Enfermagem 2008;16(4):712-719. [online] [acesso 15 Sept 2009] Disponível em: .

Instituto Nacional do Câncer. Estimativa 2010- Incidência de Câncer no Brasil. [online] [acesso 26 mai 2010. Disponível em: .

Luz MHA, Andrade DS, Amaral HO, Bezerra SMG, Benício CDAV, Leal ACA. Caracterização dos pacientes submetidos a estomas intestinais em um hospital público de Teresina-PI. Texto Contexto ? Enferm. 2009;18(1):140-146. [online] [acesso 20 set 2009] Disponível em: < http://www.index-f.com/textocontexto/ 1809/18-140146.php>.

Cunha RR. Necessidades e demandas de ostomizados no sistema de saúde pública no Pará. 2001. [dissertação]. Belém: Escola Nacional de Saúde Pública/Fundação Oswaldo Cruz, Universidade Federal do Pará; 2001.

Stumm EMF, Oliveira ERA, Kirschner RM. Perfil dos pacientes ostomizados. Scientia Med. 2008;18(1):26-30.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Projeção da população do Brasil. [online] [acesso 30 de abr 2010] Disponível em: .

Bellato R, Pereira WR, Maruyama SAT, Oliveira PC. A convergência cuidado-educação-politicidade: um desafio a ser enfrentado pelos profissionais na garantia aos direitos à saúde das pessoas portadoras de estomias. Texto Contexto ? Enferm. 2006;15(2):334-342. [online] [acesso 14 out 2009]. Disponível em: .

Farias DHR, Gomes GC, Zappas S. Convivendo com uma ostomia: conhecendo para melhor cuidar. Cogitare Enferm. 2004;9(1):25-32.

Santos CHM, Bezerra MM, Bezerra FMM, Paraguassú BR. Perfil do paciente ostomizado e complicações relacionadas ao estoma. Rev Bras Coloproct. 2007;27(1):16-19. [online] [acesso 29 ago 2009]. Disponível em:< http://www.sbcp.org.br/revista/nbr271/ p16_19.htm>.

Moraes JT, Victor DR, Abdo JR, Santos MC, Perdigão MM. Caracterização dos estomizados atendidos pela Secretaria Municipal de Saúde de Divinópolis-MG. Rev Estima 2009;7(3):31- 37.

Meirelles CA, Ferraz CA. Avaliação da qualidade do processo de demarcação do estoma intestinal e da intercorrência tardia em pacientes ostomizados. Rev Latino-Am. Enfermagem 2001;9(5):32-38.

Agradecimentos: Às enfermeiras Sandra Regina Monteiro Ferreira e Marta Solange Camarinha Ramos Costa pelo apoio durante a coleta de dados no Serviço de Estomaterapia do município de Belém-PA.

Publicado

2016-03-23

Como Citar

1.
Silva AC e, Silva GN de S e, Cunha RR. Artigo Original 2. ESTIMA [Internet]. 23º de março de 2016 [citado 22º de novembro de 2024];10(1). Disponível em: https://www.revistaestima.com.br/estima/article/view/72

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)